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Análise

Aproximação militar entre Rússia e Egito mostra dificuldade de isolar Putin

MÁRIO CHIMANOVITCH ESPECIAL PARA A FOLHA

Não foi, com certeza, um tapa com luva de pelica, mas um direto no queixo do governo Barack Obama o acordo militar que acaba de ser firmado entre o Egito e a Rússia, mediante o qual Moscou vai fornecer ao primeiro 24 avançadíssimos caças-bombardeiros MIG-35, numa transação que custará ao Cairo US$ 3 bilhões.

O pacote incluirá o envio de instrutores russos para treinamento dos pilotos da Força Aérea egípcia, além de assessores militares e estratégicos.

Essa transação ocorre em seguida a outra realizada em fevereiro passado, no valor de US$ 2 bilhões, também envolvendo armamentos modernos para o exército egípcio, avalizada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos.

A forte reaproximação entre o Cairo e Moscou ocorre no momento em que os Estados Unidos tentam isolar o governo de Vladimir Putin diplomática e economicamente em consequência da crise da Ucrânia.

Por outro lado, a reaproximação de Moscou com o regime militar egípcio indica um aumento considerável da influência da Rússia na região. O Egito é, sem dúvida, o país mais importante no universo árabe-africano.

O fato de Cairo procurar outros aliados configura um sério revés diplomático para os norte-americanos.

Talvez o maior desde a assinatura do acordo de paz entre Egito e Israel que selou o distanciamento do governo do presidente egípcio Anwar al-Sadat da então esfera soviética, no final da década de 70. Desde então, a ajuda anual dos EUA aos egípcios passou de US$ 1 bilhão, embora nos últimos meses tenha sido colocada em revisão.

As negociações entre Egito e Rússia ganharam impulso em novembro último quando os ministros da Defesa e de Relações Exteriores russos visitaram o Cairo e mantiveram encontros com o general Abdel Fattah al-Sisi, na época chefe das Forças Armadas e atualmente favorito para ser eleito presidente no final deste mês.

Na ocasião, foi discutida a diminuição da ajuda militar dos EUA ao Egito em consequência do golpe militar que depôs o presidente Mohammed Mursi, em 2013.

Numa tentativa de amenizar o fato consumado, a administração Obama anunciou que vai entregar à Força Aérea egípcia helicópteros de combate Apache ao mesmo tempo em que relaxará a suspensão da ajuda militar imposta ao país. Mas pode ser tarde demais.


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