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Em atrito com EUA, Rússia e China fazem acordo de gás

Negociado há dez anos, texto prevê criação de gasoduto a partir da Sibéria

Acerto ocorre em meio a tensão provocada pela crise ucraniana e guerra cibernética de chineses com norte-americanos

MARCELO NINIO DE PEQUIM

Após dez anos de negociações, China e Rússia assinaram nesta quarta-feira (21) um acordo multibilionário, que pela primeira vez ligará os vastos campos russos de gás natural à segunda maior economia do mundo.

Não foi revelado o valor do acordo, principal motivo da demora, mas a estimativa é de US$ 400 bilhões.

O documento foi assinado no encerramento da visita a Xangai do presidente russo, Vladimir Putin, e representa um marco na aproximação entre Moscou e Pequim.

Uma conjunção de interesses contribuiu para o desfecho: para a Rússia, significa diversificar a venda de seu gás para a Ásia, prevenindo-se contra sanções europeias devido à anexação da Crimeia. Para a China, reforça o fornecimento de energia limpa, que alivie a poluição causada pelo uso de carvão, matriz de mais de 70% da energia que consome.

Os dois países vivem momento de tensão com os EUA. Os russos, por causa da crise ucraniana e pelo asilo concedido ao ex-espião Edward Snowden. Já os chineses estão no meio de uma troca de acusações de ciberespionagem com os americanos.

Segundo comunicado da estatal China National Petroleum, a partir de 2018 a Rússia fornecerá, por ano, 38 bilhões de metros cúbicos de gás natural da Sibéria para a China. O acordo tem duração de 30 anos.

Embora os detalhes financeiros tenham sido mantidos sob sigilo, analistas estimam que a Rússia precisou ceder, já que tinha urgência em obter uma alternativa ao mercado europeu. Um analista com fontes próximas à negociação disse à Folha que a Rússia "perdeu o momento" de obter o melhor preço.

Após a assinatura, celebrada com brindes de moutai, aguardente chinesa típica, Putin disse que o preço do gás negociado com a China foi baseado em valores de mercado: "O preço é satisfatório para ambos os lados".

Foi o maior contrato de recursos naturais já assinado pela Rússia, disse Alexei Miller, presidente da Gazprom, empresa russa signatária.

Com mais margem para negociar, a China insistiu em preços abaixo do que pagam os países da Europa.

Além do preço, um dos entraves era a construção do gasoduto. Ficou decidido que a China construirá a parte que passa em seu território, e a Rússia será responsável por desenvolver o seu lado.

Rain Newton-Smith, chefe de mercados emergentes da Oxford Economics, destacou o aspecto geopolítico do pacto, e a confiança entre os dois países para um compromisso de longo prazo.

Lembrou que a Rússia deve ter benefícios econômicos, como investimentos chineses em infraestrutura energética, que compensam possíveis perdas com o preço.


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