Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Extremista polonês ganha vaga em eleição

Escolhido deputado no Parlamento Europeu, Janusz Korwin-Mikke defende Hitler e chicotada para educar filhos

Político, cuja meta é enterrar bloco europeu, diz que mulheres não deveriam votar, 'pois só são eleitas por homens'

LEANDRO COLON ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA

Jovens precisam ser castigados a chicotadas, não há provas de que Adolf Hitler soubesse do Holocausto e mulher não pode votar.

Os poloneses tratavam até agora com um certo deboche Janusz Korwin-Mikke, 72, pitoresca liderança local que defende essas ideias, mas que nunca tivera muito sucesso nas urnas.

Desde domingo, ele começou a ser levado a sério, após seu partido, o KNP (Congresso da Nova Direita), criado em 2011, obter quatro cadeiras -- uma para Korwin-Mikke-- no Parlamento Europeu, com 7% da preferência local, algo em torno de 500 mil votos.

Seu objetivo é claro: juntar-se às demais forças de extrema direita, que cresceram nesta eleição na esteira da crise econômica, para desmantelar a União Europeia. "As pessoas querem ser livres na UE. Não podem decidir a vida dos poloneses. O Brasil só se desenvolveu porque não integra esse bloco", disse à Folha nesta quinta (29).

A sigla de Korwin-Mikke se junta a outras europeias anti-UE que, embora ainda sejam minoria, assustaram em razão do desempenho nas urnas. Ao todo, os chamados eurocéticos conseguiram cerca de 140 cadeiras, de um total de 751.

Ele recebeu a reportagem na sede do partido, em Varsóvia. Defendeu a extinção de serviços públicos: "Pobre não tem dinheiro para pagar médico porque já gasta com imposto. É preciso acabar com essa história de imposto, o cidadão deve ser livre."

Korwin-Mikke tentou explicar por que defende a ideia de que mulheres não deveriam votar: "Elas votam em homens e só são eleitas com o apoio deles. A presidente do seu país (Dilma Rousseff), provavelmente, só foi eleita porque teve o apoio de homens. Pode checar". E conclui: "A Margaret Thatcher me disse isso uma vez: virou primeira-ministra britânica porque recebeu apoio político masculino".

A reportagem então perguntou: é verdade que o senhor disse que o ditador alemão Adolf Hitler não sabia do Holocausto?

"Claro. Há provas de que ele tinha ciência? Nunca apresentaram. Não nego o Holocausto, mas não vejo como dizer que era de conhecimento de Hitler".

Outra posição polêmica é sobre o que fazer com menores infratores. Para Korwin-Mikke, a correção com castigo à base do chicote funciona mais do que qualquer período na prisão. Ele diz, inclusive, ter educado os seis filhos assim. "O filho é meu, não do Estado. O governo não deve dizer como educá-lo."

FENÔMENO

Quatro cadeiras no universo de 51 a que a Polônia tem direito no Parlamento Europeu podem parecer pouco, mas é considerado relevante internamente por serem ocupadas por um partido novo e que tomou votos dos outros. O KNP passa a ser força política, por menor que seja.

Especialistas poloneses ainda tentam decifrar os votos do KNP. Afinal, foram apenas de protesto à UE, como se avalia em outros países com fenômeno parecido, ou há chance de impacto na eleição local de 2015? Em 2011, o KNP não passou de 1,1% na disputa interna.

Na Polônia, a onda anti-UE vai além. O liberal e governista Plataforma Cívica (PO), a favor da UE, perdeu seis das 25 cadeiras que ocupava; seu principal adversário, o Direito e Justiça (PIS), eurocético, levou mais quatro além das 15 atuais --ou seja, o jogo empatou, 19 a 19.

Uma das principais lideranças do PO, o ex-premiê Jan Bielecki diz que o crescimento de forças anti-UE "é o reconhecimento da política, afinal, o Parlamento é formado por partidos".

Mas pondera: "No caso do KNP, há um objetivo de destruir o Parlamento Europeu. E a transformação política e econômica deve ocorrer de mãos dadas entre os países da UE", afirmou Bielecki à Folha na quarta-feira (28), depois de evento da revista "Poland Today" sobre os 25 anos do país após o comunismo --para o qual a reportagem viajou a convite.

Leia mais em
folha.com/141251


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página