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Desconfiança geral marca fim de ano de bancos europeus

Instituições financeiras preferem deixar volume recorde no BC europeu, em vez de repassar para setor privado

Atitude demonstra conservadorismo, uma vez que BCE paga juros menores, mas é um refúgio mais seguro

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os mercados financeiros reagiram com inquietação a um dos sintomas mais claros da desconfiança generalizada que impera no setor bancário europeu.

Com os cofres cheios, os bancos do Velho Continente preferiram depositar uma quantia recorde no caixa do BCE (Banco Central Europeu), apesar dos juros baixos pagos por essa instituição para operações de um dia.

Segundo o BCE, um montante de € 452 bilhões (cerca de US$ 592 bilhões) foi aplicado entre ontem e anteontem, a juros de 0,25% ao ano, superando o recorde anterior de € 411 bilhões, contabilizado entre segunda e terça.

Tradicionalmente, instituições financeiras com sobras de caixa repassam o excesso para os bancos em falta.

Se correram para o BCE, é porque (numa interpretação possível) a confiança mútua deteriorou-se -um comportamento justificável, já que muitos bancos estão abarrotados dos instáveis (e desvalorizados) títulos soberanos.

As Bolsas locais acusaram o golpe, registrando perdas entre 1% (Paris) e 2% (Frankfurt) nas principais praças. O euro desceu para a sua menor cotação ante o dólar (US$ 1,2912) dos últimos 11 meses e a menor dos últimos dez anos em relação à moeda japonesa (100,72 ienes).

Outra explicação possível, e não necessariamente excludente, dá ênfase ao efeito do calendário na gestão financeira dessas instituições. Muitos profissionais do setor já estão de folga, ocasião em que os bancos "tratam de expor seus balanços ao menor risco possível", conforme avaliou Laurent Geromini, diretor da corretora Swiss Life.

Vale lembrar que, na semana passada, 523 dessas instituições tomaram € 489 bilhões da autoridade monetária europeia, à taxa de 1% ao ano. É possível que uma parcela tenha migrado para os bolsos italianos.

Ontem, o país mediterrâneo conseguiu levantar mais de € 10 bilhões no mercado a juros mais baixos, o que é normalmente reconhecido como uma indicação de que os investidores enxergam menos risco de insolvência financeira do emissor.

Boa parte do total captado (€ 9 bilhões) veio por meio da venda de títulos a vencer em seis meses, com rendimento de 3,25% ao ano, bem abaixo dos 6,5% registrados numa operação similar feita em 25 de novembro.

A Itália vai testar novamente essa boa vontade, com uma nova oferta no valor de € 8,5 bilhões prevista para hoje.

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