Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Egito invade sede de ONGs estrangeiras

Autoridades dizem que ação investiga financiamento ilícito; críticos veem campanha contra direitos humanos

Pelo menos três dos grupos vasculhados são americanos; EUA condenam operação e pedem fim de "assédio"

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades egípcias ocuparam ontem os escritórios de pelo menos 17 grupos pró-democracia e direitos humanos, locais e estrangeiros, sob o pretexto de uma investigação sobre supostos financiamentos estrangeiros ilícitos.

Entre os alvos da operação estão os americanos NDI (Instituto Democrata Nacional, na sigla em inglês), e o IRI (Instituto Republicano Internacional), que reconhecidamente recebem ajuda do governo dos EUA.

Tanto um quanto outro têm atuação internacional, seja monitorando eleições na América do Sul e no Oriente Médio, seja concedendo treinamento político para grupos locais, a exemplo do Egito.

O IRI é um velho conhecido dos brasileiros. Em 2008, uma reportagem da Folha revelou que o instituto, liderado pelo atual senador e ex-candidato republicano à Casa Branca John McCain, procurou influenciar as discussões sobre a reforma política no país.

Segundo testemunhas, as forças de segurança egípcias apreenderam documentos e computadores, enquanto retiveram os funcionários das ONGs até o fim das buscas. A agência Reuters reportou que a sede do IRI no Cairo teve as portas seladas.

Em comunicado publicado no site da instituição, o IRI afirmou que atua no país desde 2005 e que atualmente "compartilha conhecimento técnico" sobre participação democrática a partidos políticos, sem fornecer "suporte material ou monetário" a quaisquer grupos.

"É irônico que nem durante a era Mubarak [ex-ditador deposto em fevereiro] o IRI ficou sujeito a uma ação tão agressiva."

O Departamento de Estado dos EUA declarou estar "profundamente preocupado" com a atitude das autoridades egípcias e disse que a operação era "inconsistente" com a cooperação bilateral entre os países.

"Solicitamos ao governo egípcio pôr fim ao assédio às equipes de ONGs, devolver os bens apreendidos e solucionar esse problema imediatamente", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

A Embaixada dos EUA no Egito foi acionada para pressionar o governo do país árabe. A Procuradoria egípcia, citada pela agência local de notícias Mena, declarou que as "buscas foram baseadas em evidências de violação das leis do Egito, incluindo a ausência de licenças [para atuar no país]".

"Parece uma campanha contra os defensores de direitos humanos. Que isso aconteça depois do que nós chamamos de 'revolução' me deixa atônito", disse o ativista Negad al-Borai.

A junta militar que governa o Egito tem sido pressionada por diversos grupos políticos para transferir o poder "suavemente" para a população civil.

Grupos de direitos humanos acusam os militares de manter as práticas do antigo regime, como violência contra manifestantes e prisão de dissidentes. Neste mês, 17 morreram em conflitos entre manifestantes e a polícia.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.