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Irã testará mísseis no estreito de Hormuz

Demonstração de força bélica está prevista para ocorrer hoje e eleva tensão entre o país e as potências ocidentais

Teerã ameaça bloquear canal, que é vital para abastecimento mundial de petróleo, caso sofra sanções econômicas

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O governo do Irã anunciou ontem que lançará vários tipos de mísseis hoje como parte de exercícios militares no golfo Pérsico. A ação ocorre em meio a crescente tensão com as potências ocidentais.

A demonstração de força ocorrerá no estreito de Hormuz -vital para o abastecimento mundial em petróleo- que o Irã ameaça bloquear caso seja submetido a novas sanções por seu controverso programa nuclear.

"Mísseis de curto e longo alcance, terra-mar, terra-terra e terra-ar serão testados", disse ontem um porta-voz da marinha iraniana à agência de notícias ISNA, ligada à cúpula do regime.

O arsenal de foguetes iranianos inclui o Shahab 3, cujo alcance de 1.000 km o torna capaz, em teoria, de atingir Israel e vários alvos americanos no Oriente Médio.

Os disparos encerram manobras iranianas iniciadas há uma semana no estreito de Hormuz, canal por onde passa um sexto da produção mundial de petróleo.

Os exercícios também incluíram colocação de minas marítimas e deslocamento de navios e aviões de ataque.

Apesar da ameaça dos Estados Unidos de se opor militarmente a qualquer tentativa de fechar o estreito, Teerã diz que barrar a circulação de navios petroleiros em Ormuz seria "fácil como beber um copo d'água" caso a União Europeia (UE) adote novas sanções.

Representantes da UE se reúnem no dia 30 de janeiro sob iniciativa de França, Alemanha e Reino Unido, que querem proibir a importação de petróleo iraniano por países-membros do bloco.

Alguns países, como Grécia, dependem do petróleo iraniano e não veem a ideia com entusiasmo.

A tensão entre o Irã e as potências ocidentais se acirrou desde que a AIEA (agência nuclear da ONU) divulgou em novembro um relatório aumentando as suspeitas de que o programa nuclear iraniano visa fabricar secretamente a bomba atômica.

Teerã afirma que o relatório é fruto da pressão americana e insiste que enriquece urânio apenas para a produção de energia e pesquisa contra o câncer.

Israel encara o programa nuclear iraniano como ameaça existencial e acena frequentemente com a possibilidade de bombardear as várias centrais atômicas espalhadas pelo Irã.

RISCO GLOBAL

Analistas alertam para o risco de uma ofensiva israelense e afirmam que um ataque seria uma iniciativa com desfecho incerto, já que o Irã tem um vasto território e um forte potencial de resposta.

Uma ação militar poderia ter, segundo especialistas, desdobramentos potencialmente perigosos para o mundo inteiro.

O chefe de Estado maior israelense, Benny Gantz, minimizou ontem as dificuldades de atacar o Irã e disse que uma ofensiva poderia ser lançada desde que Israel obtivesse apoio internacional.

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