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Rússia recebe pior sanção desde fim da Guerra Fria
EUA e UE anunciam pacote contra Moscou por apoiar rebeldes na Ucrânia
Até então focadas em indivíduos, restrições agora afetam setores de finanças, defesa, energia e tecnologia
A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (29) novo pacote de sanções econômicas à Rússia para tentar enfraquecer o apoio aos separatistas no leste da Ucrânia.
A estratégia conjunta é mostrar que, desta vez, as medidas vão além das últimas punições a indivíduos ou órgãos do governo russo, muito mais simbólicas do que efetivas até agora.
As novas sanções --as mais duras contra a Rússia desde o fim da Guerra Fria, em 1991-- buscam afetar as áreas de energia, tecnologia, finanças e defesa. Moscou não comentou.
Uma das medidas é a restrição dos bancos russos para operar no mercado europeu e nos Estados Unidos.
Os americanos anunciaram que três deles, controlados pela Rússia, não poderão realizar financiamentos a longo prazo no país: VTB, Bank of Moscow e Russian Agricultural Bank.
Instituições bancárias da Rússia estão proibidas de rolar dívidas ou fazer qualquer outro tipo de captação de recursos com bancos europeus pelos próximos três meses, quando esta e as demais sanções serão reavaliadas.
Foi anunciado o embargo na negociação de armas e de tecnologias para uso duplo (civil e militar) com os russos, setor que movimenta € 20 bilhões (R$ 60 bilhões) por ano entre Moscou e UE.
Outra sanção é a barreira na negociação de tecnologias destinadas à exploração petrolífera. As medidas devem receber resistência do setor privado na Europa que faz negócio com a Rússia.
No dia 16 de julho, quando o presidente russo, Vladimir Putin, estava no Brasil para encontro dos Brics, o governo americano restringiu alguns negócios com bancos e empresas russas. A UE havia pedido para seus bancos suspenderem alguns acordos financeiros com Moscou.
Desta vez, ao impor sanções focadas em setores estratégicos, os 28 membros da UE e os EUA esperam causar obstáculos para o apoio que Putin estaria dando aos rebeldes ucranianos.
As potências também o acusam de não ter pressionado os separatistas a facilitar o acesso ao local onde caíram os destroços do avião com 298 pessoas a bordo, provavelmente abatido por um míssil lançado pelos rebeldes.
No caso das armas, a Rússia importa pouco material da UE, mas vende em torno de € 3 bilhões (R$ 9 bilhões).
Além das medidas com foco econômico, novos nomes de russos ligados ao presidente Putin devem ser incluídos a partir desta quarta-feira (30) na lista de bloqueios de ativos e transações criada pelas potências ocidentais.
"São setores-chave para a Rússia", disse o presidente americano, Barack Obama. Ele descartou comparação com a Guerra Fria, mas considerou o pacote uma "mordida ainda maior" em relação ao que foi feito desde a anexação da península da Crimeia, em março.