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Portugal 'vende' vistos a estrangeiros ricos

País europeu, mergulhado na crise econômica desde 2008, oferece residência pelo equivalente a R$ 1,5 milhão

Chineses são os maiores interessados; atrativos são qualidade de vida e possibilidade de circular por países europeus

MARTINA JUNG COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LISBOA

Para contornar a crise econômica, Portugal, Espanha e Grécia estão lucrando com a "venda" de vistos de residência para quem estiver disposto a investir.

Os alvos são cidadãos de países emergentes que sonham com a possibilidade de circular livremente pelo continente europeu.

Em Portugal e Espanha, o valor mínimo para a aquisição do chamado "Golden Visa" (visto dourado) é de € 500 mil (R$ 1,5 mi). Na Grécia, o valor é € 250 mil (R$ 750 mil).

De acordo com o governo português, do início do programa, em 2012, até o fim de julho deste ano foram concedidas 3.201 desses vistos. O país faturou o equivalente a R$ 2,5 bilhões com isso.

Entre as principais nacionalidades interessadas estão chineses, seguidos de russos, brasileiros e libaneses.

Nuno Durão, sócio-diretor da imobiliária Fine and Country, diz que 85% dos participantes são chineses.

Um dos atrativos é obter um refúgio seguro contra a instabilidade existente nos países de origem.

Além disso, é possível obter acesso livre aos 25 países que pertencem ao chamado Espaço Schengen, no qual o controle de fronteiras internas na Europa foi eliminado.

ZONA PRIME

Há três formas de aplicar para o Golden Visa. A mais procurada é a aquisição de uma propriedade de € 500 mil, que pode ser uma casa, escritório, apartamento ou terreno. Outra é por depósito bancário de € 1 milhão.

A terceira é abrir um negócio criando, pelo menos, dez postos de trabalho.

Além de ser seguro, Portugal oferece preços baixos para padrões europeus.

Diogo Lopes Alves, consultor imobiliário, explica que o metro quadrado português em regiões consideradas nobres custa em média € 6.000 (R$ 18 mil). Exemplo é a região do Chiado, zona histórica de Lisboa que fica situada nas mediações do rio Tejo.

"Essa é a zona prime' de Lisboa e não corre o risco de desvalorizar daqui a alguns anos", declara.

Além disso, a infraestrutura portuguesa, mesmo com a crise, continua de boa qualidade. "Com três aeroportos e novas estradas, é muito fácil se deslocar dentro do país. O transporte público rodoviário ou ferroviário é seguro e muito acessível", diz Alves.

O programa, contudo, levanta algumas questões, principalmente se o país que recebe o investimento é realmente beneficiado.

INTERESSE CHINÊS

O Golden Visa exige que o investidor passe sete dias no país no primeiro ano e 14 dias nos anos consecutivos.

Rex Shen é um dos chineses que adquiriram propriedades em solo português.

No final de 2012, quando morava em Macau, ex-colônia portuguesa na China, ele recebeu informações a respeito da emissão dos vistos de residência para quem tivesse interesse no país.

Na época gerente de um hotel, visitou Lisboa no início de 2013. Está no país desde fevereiro último.

Ele comprou dois apartamentos, totalizando os € 500 mil necessários para obter o Golden Visa.

"Portugal é ponto de interesse das famílias chinesas pois a qualidade do ar é muito pura, a natureza é abundante e as praias mais bonitas são todas próximas da capital. Além disso, o visto de residência europeia pode ser emitido após cinco anos. Na Espanha, esse período é superior a dez anos", sublinha Rex Shen.

O chinês afirma que a sua experiência está sendo surpreendente melhor do que ele imaginava.

Pensa em constituir uma família em Portugal, além de proporcionar educação europeia para seus filhos.

Para que o processo seja conduzido de maneira legal, a presença do advogado é importante. Investidores gastam, em média, € 10 mil com esse serviço.

A advogada especialista na área de imobiliária Leonor Brito diz que o acompanhamento jurídico de toda a documentação e a recolha dos dados biométricos são os passos iniciais para que a candidatura seja encaminhada junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

"O visto costuma ficar pronto dentro de 60 dias", afirma Brito.


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