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Embaixador brasileiro voltará a Israel
Henrique Sardinha Pinto havia sido convocado a Brasília após Itamaraty criticar 'força desproporcional' em Gaza
Medida ocorre depois de cessar-fogo; crise teve auge quando israelense tachou Brasil de 'anão diplomático'
O embaixador brasileiro em Israel, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, voltará a seu posto em Tel Aviv após ter ficado 35 dias no Brasil, para consultas do Itamaraty.
O Ministério de Relações Exteriores disse nesta quinta (28) que liberou a volta do diplomata à embaixada em função do cessar-fogo de duração indeterminada entre Israel e Hamas, acordo anunciado dois dias antes.
"O Brasil acolhe com satisfação o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Palestina com base no esforço de mediação do Egito", diz o comunicado do Itamaraty.
A diplomacia brasileira defendeu também o fim do conflito na região, baseado na criação de um Estado palestino ao lado de Israel.
No dia 23 de junho, o Itamaraty convocou o embaixador para consultas a respeito do que chamou de "uso desproporcional da força" por Israel em sua ofensiva contra o Hamas na faixa de Gaza.
A diplomacia brasileira fez duas notas com críticas à operação militar israelense. Em resposta, o porta-voz da diplomacia de Israel, Yigal Palmor, chamou o Brasil de "anão diplomático" e disse que "desproporcional é perder de 7 a 1", em referência ao resultado do jogo entre a seleção brasileira e a Alemanha na Copa do Mundo deste ano.
Incomodou Tel Aviv o fato de que as críticas brasileiras tenham citado apenas as agressões israelenses, poupando o Hamas.
Dias depois, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, telefonou à presidente Dilma Rousseff e pediu desculpas pela atitude da diplomacia de seu país. Segundo a assessoria da Presidência, Rivlin esclareceu que as expressões usadas pelo porta-voz "não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil".
Durante a crise diplomática, o embaixador de Israel no Brasil, Rafael Eldad, deixou o cargo que ocupou durante três anos --a saída já estava prevista antes do impasse. Seu substituto é Reda Mansour, integrante da minoria étnica drusa.
Os desentendimentos entre Brasil e Israel geraram repercussões tanto da comunidade judaica brasileira quanto de brasileiros que vivem em Israel.
A Conib (Confederação Israelita do Brasil), à época, chamou de "lamentável" a postura do Itamaraty diante do confronto. Em Tel Aviv, um grupo de brasileiros fez um protesto em frente à embaixada do Brasil.
PERU E CHILE
Nesta quinta (28), as chancelarias peruana e chilena também permitiram que seus embaixadores voltem a Israel, após terem sido convocados por seus países pelos mesmos motivos que o diplomata brasileiro.