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Facção cresce com crueldade e propaganda

Mundo demorou para entender potencial destrutivo do Estado Islâmico, que proclamou 'país' na Síria e no Iraque

Apesar de arrecadação eficaz e montagem de estrutura de governo, milícia é derrotável, diz especialista em islã

DIOGO BERCITO EM SÃO PAULO

Eles eram, para o resto do mundo, "rebeldes" lutando na Síria. Quando muito, se distinguiam dos demais pelo extremismo, na análise de especialistas. A atenção da comunidade internacional não esteve, por um longo tempo, no Estado Islâmico no Iraque e no Levante.

Até que o mundo se deparou com uma organização terrorista em uma extensa e estratégica região do Oriente Médio e declarando em junho um califado regido por uma interpretação severa do islã.

Rebatizados como Estado Islâmico (EI), tornaram-se uma ameaça ao Ocidente maior que a Al Qaeda --rede terrorista da qual, aliás, se desligaram por discordar da suavidade de métodos.

Os militantes estão hoje no radar de governos. Fotos deles posando com cabeças decepadas se espalham na internet. Neste mês, um integrante apareceu decapitando o jornalista americano James Foley. A morte, um aviso aos EUA, havia sido negociada por um resgate de R$ 300 milhões, não pago.

"Não podemos subestimar o poder de relações públicas do EI", diz Hozan Ibrahim, do grupo Syrians for Peace.

"Eles aterrorizam seus inimigos demonstrando um comportamento cruel", afirma. "Estão criando uma imagem péssima para o islã, afetando outras organizações."

O sequestro de ocidentais é um dos negócios do EI. O orçamento inclui pilhagem de bancos e contrabando de petróleo. Há ainda a extorsão de negócios locais.

O fracasso dos governos sírio e iraquiano em conter os islamitas foi terreno fértil para que o califado autoproclamado se imiscuísse nas funções de Estado.

ORIGENS

O Exército do EI é composto em grande parte por estrangeiros --entre eles, um militante com dupla nacionalidade brasileiro-belga. São jovens seduzidos pela fantasia de aventura e heroísmo, cooptados por fóruns na internet e comunidades locais.

O arsenal inclui o armamento tomado em batalhas, anteriormente cedido ao governo iraquiano pelos EUA.

O israelense Moshe Maoz, especialista em estudos islâmicos na Universidade Hebraica, nota que o EI não é uma ameaça tão grande quanto tem parecido.

"Eles não têm armas pesadas nem apoio de potência regional, ao contrário da facção libanesa Hizbullah, apoiada pelo Irã. O que têm é coragem, motivação e cooperação com tribos sunitas locais", diz. "Podem ser derrotados."

A exemplo de seu modelo histórico, o califado do EI tem, na sua liderança, um califa --Abu Bakr al-Baghdadi. Abu Bakr é o o nome do primeiro califa do islã, sucessor do profeta Maomé.

Mas Baghdadi, ao contrário de seus antecessores, não foi eleito ou conquistou o título. Apenas declarou-se como tal. A instituição do califado foi extinta em 1924, depois do Império Otomano.

O califa contemporâneo tem biografia enevoada. Teria nascido no Iraque e atuado no terrorismo regional.

O EI surgiu em um Iraque desestabilizado pela invasão americana de 2003. A presença dos EUA parece ter inibido sua proliferação. Mas os recentes tumultos na região, combinados com a retirada das tropas dos EUA e com a guerra civil na vizinha Síria, deram a largada à reprodução desse tecido terrorista.


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