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Clóvis Rossi

Dilma, Evo e um pequeno mistério

Boliviano faz um governo parecido com o do PT, mas, ao contrário da brasileira, tem reeleição na mão

Evo Morales, o presidente boliviano, disputa a reeleição apenas uma semana depois do pleito brasileiro, no dia 12 de outubro, portanto.

Mas, apesar de haver mais coincidências do que diferenças nas políticas econômicas e sociais dos dois países, Evo está com a vitória assegurada já no primeiro turno, ao passo que Dilma Rousseff corre sério risco de não ganhar.

O líder boliviano faz uma política intervencionista, tal como a maioria dos analistas diz que ocorre no Brasil de Dilma. Tão intervencionista que Evo renacionalizou o gás, para o que usou até tropas do Exército para ocupar a refinaria da Petrobras, escandalizando muita gente no Brasil.

Sua política social é claramente cópia da brasileira, calcada em programas de transferência de renda. Há a versão local do Bolsa Família, chamada Juancito Pinto, para as famílias que mantêm as crianças na escola; há a bolsa Juana Azurduy para mulheres grávidas ou que acabam de parir; e há a Renda Dignidade para os idosos que nunca fizeram contribuições previdenciárias.

Tudo somado, quase um terço da população boliviana --ou 3,2 milhões de pessoas-- recebe recursos da assistência social.

No Brasil, o Bolsa Família cobre cerca de um quinto da população.

Lá como cá, houve formidável redução da pobreza neste século. Na Bolívia, os números são ainda mais impressionantes do que os que a turma do PT adora exibir na televisão: os pobres (até US$ 4 por dia) eram 58,3% da população no ano 2000 e, em 2012, haviam se reduzido a apenas 26,1%.

Números mais luminosos que os do Brasil, em que a pobreza, no mesmo período, caiu de 43,1% para 24,5%, de acordo com dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

De todo modo, não são diferenças que justifiquem o passeio de Evo por lá e os sustos de Dilma por aqui.

O presidente boliviano tem, na mais recente pesquisa, 56% das intenções de voto contra 17% do segundo colocado, Doria Medina. Como a vitória no primeiro turno pode se dar até com 40% dos votos, desde que a diferença para o segundo colocado seja de 10 pontos percentuais, só um terremoto levaria a disputa para o segundo turno.

No Brasil, ao contrário, o terremoto é necessário para que não haja segundo turno.

Não é fácil explicar tal diferença de circunstâncias eleitorais entre políticos que têm razoável parentesco político e de políticas.

A única diferença, fora do pantanoso terreno de emoções e empatias, é o crescimento econômico. O Brasil patina numa recessão técnica, ao passo que a Bolívia, que cresceu espetaculares 6,8% em 2013, deve crescer este ano os 5,7% que o governo previu no início de 2014.

Previsão que se vai confirmando, uma vez que o crescimento de janeiro a agosto já bateu em 5%.

Como a recessão no Brasil ainda não afetou emprego e renda, desconfio que é preciso entrar mesmo na subjetividade para explicar o passeio de um e o susto da outra: a maioria não está sintonizando a onda de Dilma, ao contrário do que acontece com Evo.


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