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Jornal mais antigo da Venezuela suspende edição impressa
'El Impulso' alega que rígido controle cambial do governo dificulta importação de papel
Um jornal ligado à oposição conhecido por ser o mais antigo da Venezuela anunciou nesta quarta (10) a suspensão de sua edição impressa, alegando dificuldades de importar papel e outros insumos devido ao controle cambial imposto pelo governo.
Sem citar nominalmente o presidente Nicolás Maduro, o "El Impulso", criado em 1904 na cidade de Barquisimeto (350 km da capital, Caracas), acusou o governo de bloquear seu acesso aos dólares necessários para adquirir bobinas de papel e outros equipamentos de impressão.
O Estado venezuelano centraliza e regula com mão de ferro a disponibilidade de divisas para empresas envolvidas em comércio exterior, causando escassez de produtos importados, incluindo alimentos e remédios.
Uma das editoras do "El Impulso", Haydeluz Cardozo, disse à Folha, por telefone, que o jornal vem cumprindo todas as obrigações legais e requerimentos necessários à obtenção das divisas.
"É possível que de repente consigamos mais uma carga de papel, mas isso não resolveria o problema de fundo, que é essa incerteza constante sobre nossos empregos."
A aparente restrição ao "El Impulso" se soma a outras iniciativas de Caracas contra a imprensa privada.
Nos últimos meses, os jornais "Ultimas Noticias" e "El Universal", além da emissora de TV Globovision, foram vendidos a grupos supostamente ligados ao governo.
Enquanto aumenta a pressão sobre veículos privados, Maduro recentemente anunciou que dois novos jornais governistas serão criados.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) disse que a liberdade de imprensa na Venezuela vive suas horas mais tristes, já que o governo anuncia novos meios de comunicação para seu "aparato de propaganda" enquanto fecha "meios de imprensa privados e independentes."