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EUA miram China e Irã em sua nova doutrina militar

Documento prevê ainda corte de 13,3% no efetivo do Exército em dez anos

País deverá fazer investimentos em tecnologia e operações de inteligência para os conflitos do futuro

Saul Loeb/France Presse
Obama, ao lado de Panetta (esq.) e de um general, faz anúncio no Pentágono sobre a nova estratégia militar dos EUA
Obama, ao lado de Panetta (esq.) e de um general, faz anúncio no Pentágono sobre a nova estratégia militar dos EUA

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O presidente Barack Obama e seu secretário da Defesa, Leon Panetta, apresentaram ontem uma estratégia militar para os EUA que prevê menos homens em campo, mais tecnologia e operações de inteligência e atenção à Ásia -sobretudo à China.

Em um eco dos anos Bush (2001-09), porém, Irã e combate ao terrorismo permanecem entre as preocupações centrais, que incluem cibersegurança, guerras assimétricas e proliferação nuclear.

Embora o redesenho esteja em curso desde a posse de Obama, o documento lançado ontem consolida duas tendências: o deslocamento de objetivos militares do Atlântico para o Pacífico e a necessidade de otimizar recursos em um cenário de crise econômica e mudanças no perfil de conflitos.

"O Orçamento da Defesa ainda será maior do que era no fim do governo Bush. E manteremos nossos militares fortes e nosso país seguro com um Orçamento que ainda é maior do que praticamente o dos dez países seguintes somados", ressaltou Obama no anúncio.

O presidente é criticado pelos pré-candidatos republicanos por propor cortes de US$ 450 bilhões na Defesa ao longo dos próximos dez anos para conter o deficit fiscal.

EXÉRCITO MENOR

A estratégia cita os inimigos de sempre -Irã, Coreia do Norte- e estabelece nominalmente a China como foco. Ainda assim, Pequim é tratada como um rival com o qual deve haver cooperação.

"No longo prazo, a emergência da China como potência regional terá o possível efeito de afetar a economia e a segurança dos EUA de uma série de formas", diz o texto. "Deve ser acompanhada de maior clareza das intenções estratégicas, para evitar a fricção na região."

É o endosso de uma preocupação recorrente de analistas políticos e militares, mas admitida só veladamente pelo governo até então.

O plano também propõe a redução dos atuais 565,5 mil militares ativos no Exército para 490 mil (13,3%) em dez anos, recalibrando investimentos para inteligência e tecnologia (os EUA têm ao todo 1,46 milhão de militares).

Em contrapartida, mantém a força da Marinha e da Força Aérea, pivôs das operações no Pacífico e no estreito de Hormuz, costa do Irã.

Assim, perdem lugar operações militares de larga escala -como as do Iraque e do Afeganistão- em prol de ações mais pontuais e coordenadas, como a da Líbia.

Por fim, embora faça alusão à Otan (aliança militar ocidental) e à necessidade de alianças, a estratégia põe a Europa definitivamente de lado, pois "produz mais segurança do que consome". Ou seja: pode se virar só, sobretudo em tempos de cortes.

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