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Marcos Caramuru de Paiva

China e o contraste do momento

A economia interna está menos vigorosa, mas a estratégia externa da China é de tirar o fôlego

O desempenho da indústria chinesa em agosto foi o pior dos últimos seis anos.

Isso gerou, na semana passada, uma série de novas e velhas especulações quanto a se a economia vai atingir a meta de crescimento projetada para 2014: 7,5%.

O governo continua a investir pesadamente em ferrovias e já liberou 99% dos recursos destinados à recuperação de áreas urbanas deprimidas (US$ 36 bilhões).

Mas não há segurança de que isso será suficiente. Nos últimos dias, vazou que o Banco Central injetou US$ 81 bilhões nos cinco maiores bancos, e as autoridades vêm ampliando o escopo das medidas para fortalecer as pequenas empresas. Sua vida média é curta: 3,7 anos. A ideia é garantir-lhes maior espaço na economia.

Coincidem com o desaquecimento interno sinais na área dos investimentos diretos externos. Ainda há um grande número de empresas buscando chegar à China.

De janeiro a agosto ele alcançou 15.200. Mas o período registrou uma queda expressiva do fluxo originário das fontes que mais estiveram presentes nas últimas décadas.

Os investimentos japoneses caíram 43,3%, os americanos 16,9%, os da União Europeia 17,9%.

Já há quem procrastine que a era das grandes empresas multinacionais ingressando no país estaria próxima do fim.

O Ministério do Comércio anunciou há dias que vai revisitar e unificar a legislação sobre investimentos externos. Está realizando uma espécie de consulta pública para tanto. Além disso, os custos de produção estão mais elevados, a vigilância sobre as multinacionais mais acirrada.

A China dá sinais de que será cada vez mais seletiva na aprovação de novos empreendimentos, e os setores tradicionais que ainda desejarem penetrar no mercado terão que se instalar no oeste.

A grande lição a extrair para as empresas que ainda projetam investir no país é óbvia: a janela de oportunidade relativamente ampla para os estrangeiros possivelmente não será mais a mesma num futuro próximo.

Há outra lição, menos evidente.

A perspectiva de um crescimento econômico aquém das expectativas em nada está inibindo uma postura extraordinariamente ativa do governo chinês no financiamento e execução de projetos no exterior e também das empresas, na procura de fusões e aquisições em todo o mundo.

Muitos empresários chineses passaram a acreditar que numa economia em que as empresas públicas não perderão espaço, o melhor mesmo é operar no exterior e, de lá, exportar para a China.

Ou seja, para aqueles que quiserem penetrar no grande mercado chinês, uma boa alternativa é se associar, fora da China, a quem é da realidade local.

Em suma, é este o grande contraste chinês do momento: a economia interna menos vigorosa, uma estratégia econômica externa de tirar o fôlego.

Quem estiver planejando algo no momento terá inevitavelmente que levar essa realidade em consideração. E, evidentemente, apertar o passo.


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