Murais em louvor à glória da nação são marca de Teerã

A narrativa oficial que mescla patriotismo e devoção salta aos olhos e ouvidos em toda parte na capital da República Islâmica do Irã.

O mais flagrante são enormes murais coloridos com desenhos à glória da nação espalhados pelos bairros de Teerã. Os murais mais antigos, com tinta desbotada sobre cimento esfacelado, foram pintados logo após a Revolução Islâmica de 1979.

Esses geralmente têm temática mais agressiva, como bandeiras americanas com caveiras no lugar das estrelas e mensagens anti-EUA.

Muitos desenhos também exibem rostos dos mártires da nação, geralmente soldados mortos durante a guerra contra o Iraque de Saddam Hussein (1980-1988), que tinha apoio do Ocidente.

As pinturas mais recentes, todas autorizadas pela prefeitura, têm viés mais pacífico, mostrando crianças ou camponeses felizes, em paisagens bucólicas e floridas.

As faces dos dois líderes supremos, Ruhollah Khomeini e seu sucessor e atual guia da revolução, Ali Khamenei, aparecem com frequência.

Há, ainda, vários animais, vistos como sinais da criação divina, vivendo em muros coloridos de Teerã -águias ameaçadoras, pombas inocentes e até peixes pacatos.

A capital também impressiona pela quantidade de bandeiras do Irã enfileiradas em viadutos e vias expressas. A iluminação das ruas é essencialmente verde, cor do islã. Nas rádios, só se ouve música iraniana. O governo também controla os cinemas, que só podem passar filmes cujo conteúdo estiver em conformidade com os valores da nação e do islã -quase todas as obras premiadas no exterior foram aprovadas pelo regime.

A mídia estatal, inclusive a de língua inglesa, parece obcecada com os feitos de iranianos no exterior. Esportistas, artistas e empresários do país às vezes obtêm mais destaque que a agenda política do governo.