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Venezuela investiga confronto entre policiais e milícia
Presidente Maduro anunciou apuração 'completa' de tiroteio que deixou 5 mortos
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta quarta (8) ter ordenado investigação "completa e exaustiva" do confronto entre policiais e paramilitares em Caracas que deixou cinco mortos na véspera.
Maduro chamou de "estranho" o incidente, que gera temores de escalada armada entre facções governistas.
O episódio começou na manhã de terça (7), quando a polícia científica cercou um prédio que abriga um "coletivo", como são conhecidas as organizações de civis armados a serviço do aparato securitário do governo.
O cerco deflagrou um tiroteio, que resultou na morte de cinco membros de "coletivos", entre eles José Odreman, um ex-policial influente entre paramilitares.
Três policiais chegaram a ficar reféns dentro do prédio por horas, antes de ser libertados, aparentemente ilesos.
A polícia, que apreendeu várias armas no edifício, afirmou que o cerco foi parte de uma operação para prender suspeitos de assassinatos.
O irmão de um dos mortos criticou o governo do presidente Nicolás Maduro. "Quando houve os protestos [antigoverno do primeiro semestre de 2014], eram coletivos'. Agora são chamados de delinquentes", disse à mídia.
A polícia rejeita especulações de que a operação contra o "coletivo" é parte da caça aos assassinos do deputado governista Robert Serra, esfaqueado na semana passada, junto com a namorada.
O governo diz que a morte de Serra foi ordenada pela extrema direita da vizinha Colômbia com cumplicidade da oposição venezuelana.
O tema dos coletivos é extremamente sensível. Um analista próximo do governo, geralmente acessível, se recusou a falar com a Folha sobre a questão.
Fontes ligadas à oposição enxergam possível deterioração dos laços entre governo e "coletivos", que foram criados por Hugo Chávez como entidade paralela às forças regulares. Críticos dizem que os paramilitares atuam no crime organizado e impõem sua própria lei na periferia.