Armas químicas feriram soldados no Iraque
Segundo "The New York Times", militares americanos e iraquianos foram atingidos por gases sarin e mostarda
Publicação afirma que forças de segurança encontraram 5.000 agentes químicos entre 2004 e 2011
O jornal americano "The New York Times" informou nesta terça-feira (14) que soldados americanos e iraquianos foram feridos por armas químicas durante a guerra no país, entre 2003 e 2011.
A informação não foi confirmada pelo governo americano. Caso a reportagem seja verdadeira, será a primeira vez em que se prova a existência de armas químicas em território iraquiano.
Este foi o principal pretexto colocado pelo então presidente George W. Bush para justificar a invasão ao país e derrubar a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003).
Segundo documentos do governo americano obtidos pelo "New York Times" e militares americanos e iraquianos, as tropas americanas encontraram 5.000 armas químicas entre 2004 e 2011.
Os agentes foram encontrados em morteiros usados em combates terrestres e mísseis disparados de aviões da Força Aérea iraquiana.
Algumas dessas descobertas deixaram soldados feridos pelos agentes químicos, em especial com gás sarin, que afeta o sistema nervoso, e gás pimenta.
A publicação encontrou 17 militares americanos e sete policiais iraquianos que tiveram alta exposição às armas de destruição em massa.
Em algum dos casos, a exposição ocorreu sem que os soldados tivessem noção do risco. O sargento Eric Duling disse que se expôs ao gás pimenta em agosto de 2008, enquanto fazia uma incursão com um grupo de soldados.
"Todos nós fomos expostos", disse o militar, que reclama da falta de assistência médica.
Questionado sobre o tema, o porta-voz do Departamento de Defesa americano, John Kirby, não respondeu sobre a investigação ou acerca da exposição das tropas aos agentes químicos. Kirby diz que o secretário de Defesa, Chuck Hagel, deve se pronunciar sobre o assunto em breve.
A munição foi produzida com o apoio dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais que, na época, davam apoio ao país na guerra contra o Irã, iniciada em 1980.
A maioria do arsenal químico da ditadura de Saddam Hussein foi destruída durante e depois da Guerra do Golfo, em 1991.
No entanto, milhares de mísseis e morteiros ainda continuaram no país até 2003, quando o país foi invadido novamente pelos Estados Unidos.
TERRORISMO
A maior parte dos incidentes com as armas químicas ocorreu nas ruínas da base de Muthana, um dos principais centros de produção de armas químicas do Iraque na década de 1980.
Desde junho, a instalação é controlada pelo Estado Islâmico. De acordo com o governo iraquiano, cerca de 2.500 foguetes obsoletos ainda estão no solo da região.
Agentes iraquianos também dizem que parte da carga foi saqueada pelos militantes antes que o circuito interno de vigilância fosse desligado pela facção radical.
O temor é que os extremistas tenham acesso às ogivas, assim como no caso sírio. Diversas instalações que abrigavam o arsenal do ditador Bashar al-Assad ficaram expostas durante a guerra civil.