Moçambique deve reeleger hoje partido que governa desde 1975
Candidato da Frelimo, sigla que dirige o país desde a independência de Portugal, está à frente
Caso não eleja seu representante, Renamo terá também de lutar para continuar como maior força opositora
Cerca de 11 milhões de moçambicanos deverão ir às urnas nesta quarta-feira (15) para votar nas eleições presidenciais, legislativas e provinciais, que devem manter a hegemonia da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) no governo.
Analistas preveem que o candidato governista, Filipe Nyusi, ex-ministro da Defesa, seja eleito com cerca de 60% dos votos.
Além do presidente, serão eleitos também 250 deputados e membros das assembleias provinciais.
A Frelimo governa o país desde a independência de Portugal, em 1975 --primeiro, como partido único e, desde a chegada da democracia, como vencedor nas eleições de 1994, 1999, 2004 e 2009.
Apesar de relativamente desconhecido, Nyusi mantém uma grande vantagem sobre Afonso Dhlakama, da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), maior partido de oposição, e sobre Daviz Simango, candidato do MDM (Movimento Democrático de Moçambique).
Seus dois adversários, porém, cresceram muito durante a campanha.
CONTINUIDADE
No domingo, último dia de campanha, Nyusi disse que pretende dar continuidade ao governo de quatro décadas da Frelimo e pediu aos eleitores que não tenham medo.
O candidato da Renamo, que se comprometeu a mudar radicalmente a paisagem política das últimas duas décadas, acusa a Frelimo de permitir uma concentração sistemática do poder em um punhado de privilegiados.
Caso não vença, a Renamo terá de lutar para manter a posição de principal sigla da oposição, já que o MDM tem crescido, atraindo eleitores da Renamo e da Frelimo.
"O MDM é a principal voz da população que não concorda com o governo atual, e esperamos aumentar nossos representantes", disse à Folha o candidato do MDM, Daviz Simango.
Segundo ele, pela primeira vez na história desde o acordo de paz, há uma terceira via viável e que não nasceu da luta armada.
Cerca de 2.500 observadores internacionais supervisionarão o processo, cujos resultados devem sair em um mês.
VALE
A mineradora brasileira Vale é um dos maiores investidores estrangeiros em Moçambique e explora umas das maiores reservas de carvão mineral da África, na província de Tete, no norte.
A empresa, que já investiu US$ 4,5 bilhões no país, tem outros projetos, como uma mina de carvão em Moatize, a ferrovia Corredor Nacala e um porto em Nampula.
Mas o negócio em Tete enfrenta dificuldades, porque a ferrovia ainda não foi concluída e há problemas para escoar o carvão.
A empresa está tentando agora vender parte de seus ativos no país. A previsão é de que até 2015, com a duplicação da produção de carvão em Moatize, a empresa chegue a um investimento de US$ 8 bilhões.