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Oposição questiona a inexistência de câncer em Cristina

Médicos, porém, dizem que diagnóstico errado é comum no caso da tireoide, e a glândula precisava mesmo ser retirada

Em guerra com governo da Argentina, 'Clarín' critica presidente por ter sido operada por um tumor que 'não teve'

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A notícia de que Cristina Kirchner não tinha um câncer levantou dúvidas e críticas por parte de opositores.

A presidente argentina havia sido submetida, na última quarta-feira, a cirurgia para a extração da tireoide.

A operação foi indicada após um diagnóstico, feito por meio de uma punção com agulha fina, que indicava que Cristina tinha carcinoma papilar (um tipo de câncer) no lóbulo direito da glândula.

Anteontem, o porta-voz oficial disse que, após exame histopatológico, os médicos concluíram que o primeiro diagnóstico estava errado. O que a presidente tinha era um adenoma folicular, benigno.

"Isso é muito comum no caso da tireoide. Às vezes, mesmo com o resultado definitivo da biópsia após a operação, há dificuldade de afirmar se o tumor é maligno ou não", disse à Folha Max Mano, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.

Para o médico, porém, o procedimento correto seria deixar claro que há lugar para a dúvida até o exame final.

No caso de Cristina, não foi o que aconteceu. O governo, e ela particularmente, falaram de câncer sem ressalvas desde o primeiro momento.

A operação foi recomendada por três médicos: o chefe da Unidade Médica Presidencial, Luis Buonomo, seu sub, Marcelo Ballesteros, e Pedro Saco, que chefiou a cirurgia.

"O fato de ter passado por mais de um médico não quer dizer nada. Se o patologista disse que era carcinoma, todos os médicos vão recomendar a operação. Os médicos não têm conhecimento para contestar os patologistas neste caso", diz Mano.

No caso de Cristina, os médicos se basearam no laudo do patologista Julio Sanmartino, da clínica Diagnóstico Maipú, e confirmado pela doutora Lilian Ballsells.

Por conta do novo diagnóstico, o único tratamento de Cristina agora será apenas tomar hormônios que substituirão as funções da tireoide para toda a vida.

'CLARÍN' ATACA

A guinada do diagnóstico surpreendeu e repercutiu muito nos meios locais. Em geral, a imprensa havia tratado o tema até agora com bastante respeito. Ontem, porém, o "Clarín", em guerra com o governo, foi bastante duro. A manchete dizia: "A presidente foi operada por um câncer que não teve".

O jornal questionou a necessidade da cirurgia, ainda que especialistas tenham afirmado que, mesmo em caso de adenoma folicular, a remoção da tireoide -ou pelo menos de parte dela- é recomendada.

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