Onda de violência na Nigéria põe em xeque cessar-fogo
Oito pessoas morreram devido a ataques após governo anunciar trégua com radicais islâmicos do Boko Haram
Expectativa é que acordo permitisse a libertação das mais de 200 garotas em poder do grupo desde abril
Ao menos oito pessoas morreram devido a ataques cometidos por supostos membros do grupo islâmico Boko Haram no Estado de Borno, na Nigéria.
A onda de violência, iniciada horas após o governo nigeriano anunciar, na sexta-feira (17), trégua com o Boko Haram, levantou dúvidas sobre se as mais de 200 estudantes em poder dos militantes islâmicos desde abril serão realmente libertadas.
O cessar-fogo com o grupo foi anunciado pelo chefe da Defesa da Nigéria, Alex Badeh, e inclui a libertação das jovens, que foram sequestradas da aldeia de Chibok, no nordeste do país. O Boko Haram, contudo, não confirmou o acordo com o governo.
As negociações estavam agendadas para continuar no vizinho Chade nesta segunda-feira (20).
"Estávamos festejando. Tínhamos todos os motivos para estarmos felizes, mas desde então o cessar-fogo já foi violado em vários lugares", disse Lawan Abana, pai de uma das meninas desaparecidas. Um alto funcionário da Presidência disse que esperava para terça-feira (21) a libertação das garotas.
O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, que tentará a reeleição no próximo ano, tem sido pressionado pela incapacidade de lidar com a violência no país.
Seu governo tem tentado conter o Boko Haram desde 2009, quando a milícia iniciou seus ataques com o objetivo de criar um califado --Estado regido pelas leis islâmicas--, o mesmo plano da milícia Estado Islâmico (EI), no Iraque e na Síria.
Boko Haram significa "educação ocidental é proibida" no idioma hausa.
O governo nigeriano, no entanto, diz que os ataques podem não ter sido cometidos pelo Boko Haram, mas por um dos vários grupos criminosos que exploram o caos da insurgência no país.
Analistas apontam que o grupo é bastante dividido em facções e, portanto, é importante saber se a ala com a qual o governo está negociando tem o controle sobre o destino das garotas.
"O Boko Haram está profundamente dividido. O governo nigeriano tem tido dificuldades em identificar um representante que possa fazer acordos e garantir que todo o grupo irá observá-los", disse por meio de nota a consultoria de risco Stratfor.