Israel fecha local sagrado e gera revolta
Esplanada das Mesquitas foi bloqueada depois que a polícia matou suspeito de atirar em ativista de ultradireita
Líder palestino Abbas classifica ato de 'declaração de guerra'; reabertura deve ocorrer nesta sexta-feira (31)
O atentado contra um judeu de ultradireita e a morte a tiros do palestino suspeito pelo ataque levaram tensão a Jerusalém e acenderam o medo de uma nova onda de violência na cidade.
Para tentar inibir protestos, o governo israelense fechou o acesso à Esplanada das Mesquitas, local sagrado para o islã. A atitude gerou reclamação de palestinos.
Houve confrontos entre palestinos e forças de segurança israelenses em diversas partes da cidade, sem feridos graves. Israel promete reabrir a Esplanada nesta sexta, dia em que mesquitas costumam ficar mais cheias.
O estopim para a tensão foi o ataque a tiros contra o extremista judeu Yehuda Glick, que lidera um movimento pela construção de um novo templo judeu na Esplanada.
Glick sobreviveu --seu estado nesta quinta era "grave, mas estável". Poucas horas depois, a polícia israelense matou a tiros Moataz Hejazi, 32, um palestino suspeito pelo atentado.
Tão logo o ataque foi divulgado, grupos judeus de ultradireita passaram a planejar manifestações em frente à Esplanada, o que poderia levar a uma escalada e contribuiu para o fechamento da área. Foi a primeira vez que isso ocorreu em 14 anos.
O bloqueio irritou as autoridades palestinas.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, chamou de "declaração de guerra aos muçulmanos o fechamento por parte de Israel da Esplanada das Mesquitas".
"A continuidade destas agressões e esta perigosa escalada israelense constituem uma declaração de guerra ao povo palestino, a seus locais sagrados e à nação árabe e muçulmana", disse Abbas, citado por seu porta-voz, Nabil Abu Rudeina.
O Fatah, partido de Abbas, convocou protestos populares para essa sexta. A Jordânia classificou a ação de "terrorismo de Estado".
POÇA DE SANGUE
Moradores do local identificaram o homem como Hejazi, que passou 11 anos em uma prisão israelense e foi libertado em 2012. O pai e o irmão de Hejazi foram presos. A polícia lançou bombas sonoras para afastar grupos de moradores que protestavam.
O corpo de Hejazi foi encontrado em uma poça de sangue entre antenas de televisão no teto de uma casa de três andares em Jerusalém Oriental, enquanto forças israelenses isolavam a área e repeliam manifestantes palestinos munidos de pedras.