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Brasil tenta coibir vinda de haitianos ilegais

Embaixada em Porto Príncipe emitirá até 100 vistos por mês, com burocracia reduzida, para desestimular clandestinidade

Governo estima que haja 2.400 haitianos em situação irregular no país; muitos entram via Acre ou Amazonas

Joel Silva - 23.dez.2011/Folhapress
Haitianos fazem fila para receber alimento na praça central da cidade de Brasileia, Acre
Haitianos fazem fila para receber alimento na praça central da cidade de Brasileia, Acre

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O governo federal decidiu adotar medidas para tentar limitar a entrada de haitianos ilegais no país. Desde o terremoto que em 2010 destruiu a capital, Porto Príncipe, vem aumentando o fluxo de haitianos que chegam ao Brasil em busca de emprego.

Muitos são atraídos por "coiotes" (atravessadores) e entram ilegalmente no país, principalmente pelo Acre. Em dezembro, a Folha revelou que atravessadores bolivianos montaram esquema para levar haitianos ao Acre. Os imigrantes pagavam US$ 300 pelo ingresso ilegal no país.

Uma das medidas prevê a emissão de até cem vistos por mês para os haitianos. A concessão do documento será feita pela embaixada brasileira no país, gratuitamente, e valerá por até cinco anos.

O estrangeiro deverá comprovar posteriormente o "exercício de atividade certa" e um endereço fixo, como prevê a legislação vigente.

Nos últimos 20 anos, segundo o Itamaraty, é a primeira vez que o governo decide impor um limite para a entrega de vistos a estrangeiros.

Hoje, o haitiano interessado em entrar legalmente e trabalhar no Brasil enfrenta maior burocracia: ao pedir o visto, ele precisa comprovar ter um emprego ou uma oferta de trabalho no país.

A proposta tem de ser aprovada pelo Conselho Nacional de Imigração, ligado ao Ministério do Trabalho, que discutirá o assunto amanhã.

Após entrar em vigor, o haitiano que ingressar no país de forma irregular e for identificado pelo governo será notificado a deixar o Brasil e, se não o fizer, será deportado.

De acordo com estimativa do Ministério da Justiça, 4.000 haitianos estão no país. Desses, 1.600 já estão com situação regularizada -o governo pretende fazer o mesmo com os demais 2.400.

"É uma forma de reconhecer a necessidade econômica dessas pessoas. E obviamente o Brasil tem uma política de direitos humanos, de reconhecimento do problema no Haiti", disse o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).

Segundo o ministro, a União deve ajudar o Acre e o Amazonas no atendimento adequado aos haitianos.

Outra medida anunciada ontem é a ação de autoridades diplomáticas e policiais do Brasil no Peru, no Equador e na Bolívia para coibir a entrada ilegal de haitianos e a ação de "coiotes". Cardozo não deu detalhes do aumento do efetivo na fronteira nem de como se fará o trabalho.

Para Rosita Milesi, do Instituto Migrações e Direitos Humanos, a medida é "viável, humanitária e construtiva". Ela ressalta, porém, a necessidade de as autoridades darem condições mínimas de permanência aos haitianos.

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