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Onda de confrontos ameaça o Sudão do Sul

Um ano após referendo, violência deixa ao menos 3.000 mortos e 60 mil desabrigados

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

Um ano após o referendo que criou o Sudão do Sul, o país enfrenta sua maior prova de fogo. Desde dezembro, uma onda de violência fez ao menos 3.000 mortos e mais de 60 mil desabrigados.

O foco dos conflitos é a fronteira nordeste, divisa com Sudão e Etiópia. Na semana passada, o governo declarou crise no Estado de Jonglei, e a ONU lançou uma operação de emergência para socorrer os refugiados.

"A violência em Jonglei é chocante e mostra os enormes desafios do Sudão do Sul. A questão em aberto é: quanto tempo a lua de mel da independência vai durar?", disse Jonathan Temin, de Washington, à Folha.

Especialista em Sudão do Usip (Instituto Americano para a Paz), ele acredita que a violência remete a questões não resolvidas com o Sudão. "Enquanto questões como petróleo, divisão de terra e cidadania continuarem a se arrastar, a violência na fronteira deve continuar", disse.

Os enfrentamentos mais recentes aconteceram entre duas tribos, a Lu Nuer e os Murle, que há anos são rivais na disputa de áreas para cultivo e criação de gado. No entanto, as Forças Armadas do Sudão do Sul e do vizinho Sudão também entraram em confronto no mês passado.

A escalada da tensão ecoa temores da retomada de uma guerra civil que durou 20 anos entre o norte e o sul do Sudão e matou milhões.

No domingo, mais 24 pessoas morreram na região, segundo agências de notícias. Enquanto isso em Juba, cerca de 200 pessoas saíram às ruas da capital para celebrar a independência e pedir paz.

Em janeiro de 2010, a divisão do sul do Sudão foi aprovada por 99% dos 3,65 milhões em um referendo, parte de um acordo de paz entre o norte, árabe e muçulmano, e o sul, negro e cristão.

"O referendo e a independência foram um sucesso, mas, desde então, o processo se deteriorou, tanto dentro do país quanto em relação ao Sudão", acrescenta Temin.

Já Alberto Giera, analista de segurança da ONU em Juba, destaca os reflexos da insegurança na economia. "A violência ameaça o desenvolvimento e assusta o investidor estrangeiro", afirmou.

Em dezembro, os EUA -maiores doadores de ajuda ao Sudão do Sul-promoveram conferência em Washington para incentivar o investimento privado no país. E o presidente Barack Obama aprovou lei que permite a exportação de armas para o Sudão do Sul.

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