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Análise

Problema de Mitt Romney são os "fundamentalistas"

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

MUITOS AMERICANOS, EM ESPECIAL EVANGÉLICOS, TÊM PRECONCEITO CONTRA MÓRMONS

Se sua religião não fosse a mórmon e os conservadores radicais do Partido Republicano não estivessem em tamanha posição de força como estão, Mitt Romney dificilmente deixaria de ser o candidato de oposição ao presidente Obama na eleição presidencial deste ano.

Ele é, na história, o primeiro republicano não presidente em busca da reeleição a ganhar os dois primeiros testes eleitorais no caminho da candidatura: as reuniões partidárias de Iowa e a primária de New Hampshire.

Embora esses dois Estados juntos não cheguem a reunir 1% do total de votos necessários para vencer a convenção nacional do partido (em agosto, na cidade de Tampa, Flórida), suas escolhas têm grande força simbólica.

Romney foi governador de Massachusetts, um dos Estados mais liberais e fiéis ao Partido Democrata, e chegou a ter altos índices de aprovação pública no seu mandato.

Esta é uma das razões que o tornam um aspirante à Presidência tão atraente: eleitores sem identificação partidária e que se consideram centristas têm sido fundamentais para a definição do vencedor nos pleitos americanos e, em princípio, eles podem se identificar com o currículo de Romney.

O problema é que no Partido Republicano as alas "fundamentalistas" ganharam espaço sem precedentes desde a primeira eleição de George W. Bush em 2000, e especialmente depois do movimento Tea Party, que congrega toda sorte de reacionários ideológicos e religiosos.

O voto nos EUA não é obrigatório. Para um candidato ganhar, precisa muito da mobilização de seus potenciais apoiadores. Os mais entusiasmados são vitais para fazer quem tem vontade de ir às urnas de fato aparecer e votar.

Por isso os jovens foram tão importantes para Obama em 2008 e os evangélicos para Bush em 2004. Os extremistas conservadores são cerca de um terço dos republicanos, mas podem influenciar um número muito maior.

Além disso, há a religião. Muitos americanos, em especial evangélicos, têm preconceito contra mórmons, bastante perseguidos nos EUA no século 19. Recente pesquisa do Pew Institute mostra que 53% dos evangélicos não consideram os mórmons cristãos.

A pesquisa também revela que a prevenção contra sua religião atrapalha Romney mais na fase de escolha do candidato republicano do que no pleito final.

Por isso, se superar o preconceito e os ultraconservadores até agosto, Romney será um candidato forte em novembro.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa" e autor do livro "Correspondente Internacional" (editora Contexto)

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