Manifestantes são libertados, mas banidos de região em Hong Kong
Líderes estudantis saíram da prisão sob fiança e a condição de não retornar a local de protestos
Eles responderão por obstruir o trabalho de oficiais de Justiça; um deles considera acionar policiais por agressão
Um dia depois de serem detidos pela polícia, líderes estudantis de Hong Kong foram libertados sob fiança e com a condição de não retornarem à região comercial de Mong Kok, que estava ocupada desde o fim de setembro por manifestantes pró-democracia.
Joshua Wong, 18, Lester Shum, 21, e o legislador ativista Leung Kwok-hung, 58, -- que também foi banido de Mong Kok-- foram acusados de obstruir o trabalho de oficiais de Justiça.
Wong nega a acusação e, segundo seu advogado, Michael Vidler, considera entrar com uma ação legal contra a polícia, que teria agredido o jovem durante sua prisão.
"O líder da operação policial apontou para mim e disse prendam-no'", disse Wong. "Dez agentes com camisetas azuis me jogaram no chão e me imobilizaram. Eu fui ferido no pescoço e eles me atingiram umas seis ou sete vezes nas minhas partes íntimas", disse o estudante.
Shum, por sua vez, contestou as condições de fiança, já que seu escritório fica perto da área proibida. "A área da qual estou banido é maior que a área da liminar [que ordenava a remoção dos manifestantes]", disse.
Na quarta-feira (26), policiais e oficiais de Justiça cumpriram, pela segunda vez desde o início dos protestos, a ordem judicial de retirar barricadas em Mong Kok. Em dois dias, pelo menos cem pessoas foram detidas.
Com diversos restaurantes, centros comerciais e bancos, as ruas de Mong Kok se tornaram campo de batalha importante para manifestantes.
Contudo, o principal local de protestos, em Admiralty, próximo ao escritório do governo da cidade, não foi desmantelado. Há também um pequeno local de protesto no distrito comercial de Causeway Bay.
Wong, Shum e Kwok-hung, que foram liberados após ouvidos por um juiz, terão de comparecer novamente ao tribunal em 14 de janeiro.
Mais de 100 mil pessoas chegaram a ir às ruas no pico das manifestações em Hong Kong, mas esse número caiu para algumas centenas recentemente.
Em agosto, Pequim ofereceu ao povo de Hong Kong a chance de votar em seu próprio líder em 2017, mas disse que apenas dois ou três candidatos poderiam concorrer, depois de obterem aprovação de um comitê com 1.200 pessoas, formado principalmente por apoiadores do regime de Pequim.
Os manifestantes exigem que os candidatos sejam livres para disputar as eleições.