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EUA admitem ato 'deplorável' de militares

Vídeo mostra fuzileiros americanos urinando em corpos de afegãos; divulgação ocorre em meio à negociação de paz com Taleban

Presidente afegão pede punição "mais severa" para "ato desumano"; dois dos envolvidos já foram identificados

Reuters/Youtube
Gravação divulgada mostra marines americanos urinando sobre possíveis talebans mortos
Gravação divulgada mostra marines americanos urinando sobre possíveis talebans mortos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um vídeo que mostra quatro marines (fuzileiros navais) americanos urinando sobre os corpos de três afegãos, divulgado anteontem na internet, foi condenado pelos governos dos EUA e do Afeganistão e reacendeu o debate sobre abusos cometidos por militares americanos em situações de guerra.

O secretário de Defesa americano, Leon Panetta, declarou que o comportamento dos militares foi "absolutamente deplorável" e prometeu, em telefonema ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, uma investigação completa do caso. "Aqueles que cometeram tal conduta serão responsabilizados", assegurou.

Em comunicado, Panetta disse que tal ação é "totalmente inapropriada para membros das Forças Armadas americanas". A secretária de Estado, Hillary Clinton, expressou "total consternação" diante das imagens.

Segundo uma fonte dos fuzileiros revelou à Associated Press, pelo menos dois dos quatro fuzileiros do vídeo já foram identificados.

Todos eles integram o 3º Batalhão do 2º Regimento de marines, que voltou para sua base no Campo Lejeune, na Carolina do Norte, entre setembro e dezembro de 2011. Alguns, segundo a fonte, podem não estar mais no batalhão.

As imagens divulgadas primeiro no YouTube mostram quatro marines com uniformes de batalha diante de três corpos aparentemente de insurgentes talebans. Mas não se descarta que fossem civis.

Eles urinam nos corpos e um deles faz piada: "Tenha um bom dia, companheiro".

Não se sabe o local e nem a data em que foi feita a gravação. "Parece para nós o que parece para vocês: soldados urinando em corpos", disse o porta-voz do Pentágono, capitão John Kirby, à imprensa.

Segundo o governo americano, o Serviço de Investigação Criminal Naval, que investiga crimes relacionados à Marinha, está apurando o caso.

ATO DESUMANO

Karzai condenou o "ato desumano" e instou o governo dos EUA a "aplicar a punição mais severa aos condenados nesse crime".

O porta-voz do grupo radical Taleban, Zabiullah Mujahid, criticou fortemente, em comunicado, a atitude dos "selvagens soldados americanos". "Primeiro eles matam os afegãos com morteiros, e depois urinam sobre seus corpos", disse.

As imagens vêm à tona em um momento delicado entre EUA, o governo afegão e o Taleban. Segundo a France Presse, no entanto, o mesmo porta-voz do grupo radical afirmou que o vídeo não deve atrapalhar as negociações de paz entre os talebans e os EUA.

"Estamos na fase inicial [do diálogo] no Qatar. No momento, só se trata de um intercâmbio de prisioneiros [de Guantánamo]. Não creio que este novo problema vá afetar as negociações", disse.

O caso de abuso remete às imagens de tortura cometidas na prisão de Abu Ghraib (Iraque), divulgadas em 2004.

No Afeganistão, americanos foram acusados, na última semana, de torturar presos na prisão de Bagram, a mais importante do país. Nesse mesmo local, dois detentos foram espancados até à morte em 2002. Sete soldados americanos foram acusados no caso e vão à Corte Marcial.

FOLHA.com
Assista ao vídeo dos marines no site
www.folha.com/no1033444

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