ONG aponta 66 jornalistas mortos em 2014
Total diminuiu em relação ao ano passado, mas assassinatos são mais violentos, relata a Repórteres Sem Fronteiras
Decapitações do Estado Islâmico são citadas em relatório; Venezuela é o segundo país na lista de jornalistas ameaçados
Balanço anual divulgado nesta terça (16) pela ONG Repórteres Sem Fronteiras --entidade de defesa da liberdade de imprensa com sede em Paris-- revela que, ao todo, 66 jornalistas foram assassinados no mundo em 2014. No ano passado, foram 71 mortes.
Segundo a ONG, embora 2014 tenha registrado ligeira queda no número de jornalistas mortos no exercício da profissão, os assassinatos são mais violentos e instrumentalizados para propaganda.
"A decapitação de jornalistas em 2014 mostra a magnitude da violência contra as testemunhas indesejadas", acrescenta a RSF, referindo-se aos assassinatos dos americanos James Foley, que contribuiu para a cobertura da AFP na Síria, e Steven Sotloff.
Os vídeos das decapitações pelo Estado Islâmico circularam por todo o mundo.
O relatório da RSF, "Balanço da Violência contra Jornalistas 2014", revela ainda que, neste ano, 119 jornalistas foram sequestrados no mundo, 178 presos, 853 detidos, 1.846 ameaçados ou agredidos e 134 precisaram se exilar.
Dois terços dos 66 jornalistas morreram em zonas de conflito, como a Síria --país mais letal para jornalistas, com 15 mortos neste ano--, territórios palestinos, leste da Ucrânia, Iraque e Líbia.
A RSF cita as mortes de dois jornalistas brasileiros, ambas em fevereiro: Pedro Palma, do jornal "Panorama Regional" (RJ), e o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, morto por um rojão durante protesto de black blocs.
VENEZUELA
A Venezuela figura em segundo lugar na lista de cinco países com mais jornalistas ameaçados ou agredidos, com 134 casos, atrás da Ucrânia (215).
"Na Venezuela, 62% das agressões a jornalistas durante os protestos foram cometidas pela Guarda Nacional Bolivariana", afirma a RSF.
O país governado por Nicolás Maduro também está na lista dos que registraram mais detenções de jornalistas: quinto lugar, com 34 casos, atrás de Ucrânia, Egito, Irã e Nepal. Em 2014, ao menos 853 jornalistas profissionais foram detidos no mundo.
Outra ONG ligada à proteção de jornalistas, a Press Emblem Campaign, com sede na Suíça, divulgou relatório que lista, em 2014, 128 jornalistas mortos em 32 países, um a menos que em 2013.
A maior parte das mortes foi registrada em Gaza: 16, durante a Operação Margem Protetora, de Israel. O Brasil está em 10º nessa lista, ao lado da República Centro-Africana, com quatro mortes.
A metodologia da ONG inclui não só jornalistas mortos no exercício da profissão mas também mortes acidentais ou "não intencionais".