Obama promete retaliação à Coreia do Norte
FBI culpa Pyongyang por ataque de hackers à Sony, que suspendeu lançamento do filme 'A Entrevista'; regime nega
Comédia é sátira sobre conspiração para matar Kim Jong-un; Obama diz que cancelamento de exibição foi um 'erro'
O presidente americano Barack Obama prometeu uma resposta "proporcional" à Coreia do Norte depois de o FBI (polícia federal dos EUA) responsabilizar a ditadura asiática por uma série de ataques cibernéticos ao estúdio de cinema Sony.
Depois do roubo de emails e senhas pessoais da empresa, a Sony Pictures cancelou a estreia da comédia escrachada "A Entrevista", que conta a história de uma conspiração para matar o ditador norte-coreano, Kim Jong-un.
O governo da Coreia do Norte criticou o filme duramente por meses, mas um porta-voz norte-coreano na ONU negou qualquer ligação com os hackers na sexta (19).
Após se dizer solidário à empresa pelo roubo de dados e pela chantagem sofrida, Obama afirmou ser um "erro" a Sony cancelar o lançamento do filme depois de ameaças de atentados "como no 11 de Setembro", feita pelos hackers que atacaram o estúdio.
"Um ditador não pode impor censura aos EUA", disse o presidente em entrevista nesta sexta. "Imagine o que eles podem fazer com um documentário ou uma reportagem de que não gostem."
E ainda ironizou o governo norte-coreano: "Que uma comedia satírica com Seth Rogen e James Franco seja considerada uma ameaça ao regime diz muito sobre esse regime", disse o presidente.
Obama não deu mais detalhes de como pretendia responder à Coreia do Norte, mas disse que a Sony "deveria ter conversado com ele antes" sobre como responder.
Em Washington, analistas dizem que as opções de represália à Coreia do Norte são limitadas pelo isolamento do país, com quem os EUA não têm relações diplomáticas nem financeiras.
MAIS AMEAÇAS
Um grupo de hackers autointitulado "Guardiães da Paz", que assumiu a autoria do ciberataque, elogiou nesta sexta a decisão da Sony de cancelar a estreia. Em mensagem ao estúdio, eles disseram que ainda têm dados de todos os diretores e funcionários da empresa e que não os vazarão, se a Sony "não causar problemas".
O presidente da Sony Pictures, Michael Lynton, disse que "o presidente, a imprensa e o público estão enganados sobre o que aconteceu".
Ele afirmou que o estúdio decidiu cancelar a estreia de "A Entrevista" depois que as principais redes exibidoras do país se negaram a projetar o filme em seus cinemas.
Lynton afirmou que precisa de "intermediários" para exibir. "Nenhuma rede de vídeo on-demand' mostrou interesse em distribuí-lo", acrescentou. Contradizendo Obama, disse que o estúdio falou com "assessores da Casa Branca".
Parlamentares reagiram aos ciberataques: "E se, em vez de um estúdio de cinema, é uma usina nuclear ou um grande banco?", questionou o senador Angus King.