Naufrágio de cruzeiro mata 3 na Itália

	Reuters
	Homens observam o Costa Concordia, que afundou na noite de sexta na ilha de Giglio (oeste da Itália) com 4.229 pessoas a bordo

Ao menos três pessoas morreram no naufrágio do navio de luxo Costa Concordia, ocorrido na noite de sexta-feira perto da ilha italiana de Giglio. Dentre os 4.229 que estavam a bordo, há 30 feridos e 40 desaparecidos.

O comandante Francesco Schettino foi detido. Ele é acusado de homicídio culposo (quando não há intenção) múltiplo, de ter provocado um naufrágio e de ter abandonado o navio quando ainda havia várias pessoas a serem salvas.

O procurador da região de Grosseto, Francesco Verusio, que investiga o caso, alega que o capitão realizou uma manobra "malfeita" ao se aproximar excessivamente da ilha. Teria ainda falhado em lançar um alerta de socorro.

Os mortos são um tripulante peruano e dois turistas franceses, cujos corpos foram retirados do mar pelas equipes de resgate. Entre os feridos, há três em estado grave, com traumatismos craniano e na coluna cervical. Muitos estão em estado de choque.

Até as 18h locais, mergulhadores vasculharam os destroços, numa operação considerada muito delicada.

"O navio pode se mexer ou afundar mais. Isso pode colocar em risco os mergulhadores, que podem ficar presos entre os destroços", disse Cosimo Nicastro, comandante da Guarda Costeira.

Autoridades esperam que alguns dos passageiros desaparecidos estejam na verdade abrigados em casas dos moradores de Giglio. O prefeito Sergio Ortelli havia apelado à população - "quem quer que tenha um teto"- para que ajudasse os náufragos.

TITANIC

Segundo versões iniciais, o navio atingiu uma rocha por volta das 21h30 locais e começou a encher de água. O capitão tentou se aproximar da ilha, mas então o navio começou a virar.

Uma hipótese é que, devido a uma falha técnica, o navio tenha perdido os instrumentos de navegação, se desviado da rota e então colidido com a rocha.

A empresa Costa Cruzeiros disse que prestou socorro imediato. Porém, relatos dos passageiros contradizem essa informação.

Eles contam que jantavam quando ouviram um estrondo, mas foram orientados a continuarem sentados.

O comandante teria informado inicialmente que o navio havia tido problemas elétricos. Mas os turistas desconfiaram quando a embarcação começou a se inclinar, e os objetos, a cair das mesas.

"Foi terrível, parecia que eu estava no Titanic, vi gente desesperada em torno de mim, gritos e terror e incerteza sobre o que fazer", disse o italiano Stefano.

"Tudo ficou para o ar: pessoas, cadeiras, copos, comida", disse a italiana Alessandra Grasso.

Começou uma correria pelos salva-vidas, com pessoas tropeçando umas nas outras e caindo pelas escadas.

"Houve muita demora em lançar os botes", afirmou à BBC o tripulante Fabio Costa.

A rápida inclinação do navio acabou dificultando a saída dos botes, fazendo com que muitos simplesmente pulassem nas águas geladas.

Segundo os passageiros, um treinamento para situações de emergência não havia sido realizado e estava previsto para ontem.