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El Baradei deixa vazio na centro-esquerda

Diplomata desiste de concorrer à Presidência egípcia devido à falta de 'democracia real'

DO RIO

O anúncio do diplomata Mohamed El Baradei de que não disputará a Presidência do Egito, vaga desde a queda do ditador Hosni Mubarak, deixou um vazio na centro-esquerda do país, que já vem perdendo espaço para as forças políticas religiosas.

O ex-diretor geral da Agência Internacional de Energia Atômica e fundador da Coalizão Nacional pela Mudança, precursora do movimento da praça Tahrir, atribuiu a decisão à falta de "democracia real" no Egito.

Em nota divulgada no sábado, ele disse que os métodos repressivos do Conselho Supremo das Forças Armadas (SCAF, na sigla em inglês), como o julgamento de civis em tribunais militares, mostram que "o regime ainda não caiu".

Segundo ele, a Presidência não poderá fazer muito com uma nova Constituição redigida às pressas.

Os militares egípcios, que acumulam poder desde a derrubada da monarquia, em 1956, mantiveram o comando de fato após a queda de Mubarak, em fevereiro de 2011, apesar de haver um gabinete civil de transição.

A data da eleição presidencial não foi definida. O SCAF prometeu entregar o poder a um governo eleito até junho, depois que o Congresso que tomará posse em março aprovar a nova Carta.

Os grupos liberais e de esquerda que iniciaram os protestos defendiam que um governo civil já presidisse o processo de redação do documento. A Irmandade Muçulmana e os fundamentalistas do Nour (Luz), que devem obter dois terços das cadeiras na Assembleia Nacional e na Shura (Senado), têm preferido compor com os militares a confrontá-los.

A versão on-line do jornal egípcio "Al Ahram" especula que a decisão de El Baradei também se deveu à perda de apoio. Ele esperava contar com a adesão da Irmandade, que até agora fala em não apresentar candidato próprio. Mas o grupo passou a criticá-lo e disse que tende a apoiar a candidatura do ex-chanceler do gabinete de transição Nabil Arabi, secretário-geral da Liga Árabe.

No quadro volátil da política egípcia, porém, as coalizões que poderão se formar em torno dos candidatos ainda não estão claras.

Um dissidente à esquerda da Irmandade, Abdel Aboul-Fotouh, líder do sindicato dos médicos, já está em campanha e corteja o apoio dos grupos da Tahrir. Outro pré-candidato é Amr Moussa, ex-secretário-geral da Liga Árabe, que é do campo laico como El Baradei, mas mais conservador que ele.

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