Líderes islâmicos atacam nova capa do 'Charlie Hebdo'
Líderes islâmicos criticaram a capa da edição do jornal satírico "Charlie Hebdo" que chega às bancas nesta quarta (14), exatamente uma semana após o ataque terrorista na sua sede que matou 12 pessoas, sendo oito funcionários.
A capa do jornal, que tem oito páginas, mostra uma caricatura do profeta Maomé chorando e segurando um cartaz em que se lê "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie), frase que que virou símbolo depois do atentado que matou quatro cartunistas. Acima do desenho do profeta, está escrito "Tudo é perdoado".
A charge é considerada provocativa justamente porque os ataques, segundo os radicais islâmicos, ocorreram pelo uso da imagem do profeta.
"Essa edição vai causar nova onda de ódio na França e na sociedade ocidental e não ajuda no diálogo entre as civilizações", disse Shawqi Allam, mais alta autoridade religiosa do Egito. "É um insulto", disse o líder radical islâmico Anjem Choudray, nascido no Reino Unido e conhecido por estimular jihadistas.
O cartunista Renald Luzier (Luz) chorou nesta terça (13) na apresentação da nova edição, editada nas dependências do jornal francês "Libération".
"É antes de tudo um homem que chora", disse Luz ao explicar o desenho de Maomé que ilustra a capa.
A imagem do profeta do islamismo deve ficar restrita à primeira página. Outras páginas devem fazer uma sátira com jihadistas.
A edição apresenta ainda charges e textos publicados anteriormente pelos cartunistas e jornalistas mortos no ataque. Deve ser traduzida em cinco línguas e distribuída em mais de 20 países.
A expectativa em Paris é que o "Charlie Hebdo" se esgote logo pela manhã. Donos de bancas de Paris se preparam para grandes filas e apostam na venda de todo o estoque em poucos minutos, apesar da grande quantidade (3 milhões, ante os 60 mil habituais).