Partido de esquerda faz ato com 100 mil em Madri
Podemos ganha força após eleições na Grécia
Vitória do grego Syriza, que também se opõe a medidas impulsionadas por Alemanha, deu novo fôlego à legenda
Motivados pela vitória do partido Syriza na Grécia, milhares de espanhóis foram neste sábado (31) ao centro de Madri a um ato do Podemos, líder nas pesquisas para as eleições de dezembro.
Assim como o Syriza, o Podemos é contra as políticas de austeridade da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para acabar com a crise econômica. As medidas são defendidas principalmente pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Segundo a polícia, 100 mil pessoas estiveram do ato, enquanto a organização diz que o número chegou a 300 mil.
Nascido do chamado "movimento dos indignados", o partido é essencialmente jovem --seu principal líder, Pablo Iglesias, tem 36 anos--, mas os manifestantes eram sobretudo adultos e idosos.
"Ainda temos nossa aposentadoria, mas isso não está mais garantido a nossos filhos, e por isso viemos. Não queremos mais ser empregados da Merkel", disse a aposentada Ascensión Fernández, 66, que foi ao protesto com cinco amigas.
A chanceler alemã era, ao lado do premiê espanhol, Mariano Rajoy, o principal alvo dos protestos de sábado --centenas de pessoas carregavam cartazes com os dizeres "Merkel 0 x Grécia 10".
"O Syriza foi um empurrão que precisávamos, porque antes parecia impossível uma alternativa ao bipartidarismo ganhar. Agora as pessoas estão ansiosas para ir às urnas", disse o professor de literatura Miguel Martínez, 34.
A vitória do Syriza na Grécia deu ao Podemos o fôlego que a sigla vinha perdendo desde o fim do ano passado. Jesus Monedero, um dos líderes do partido, é acusado de ser financiado pelo governo chavista da Venezuela.
Por isso, a venezuelana Leonor Chávez, 36, quis passar longe da marcha. "Não apoio ninguém que compactue com o governo que destrói meu país".
Na Porta do Sol, Pablo Iglesias, número um do Podemos, mostrou que é um líder indiscutível no país. O público na praça se calou para escutar seu discurso.
"Hoje é um dia histórico, que será lembrado em todos os livros escolares. É o primeiro dia do ano em que tudo mudará", disse.
De Barcelona, o premiê Mariano Rajoy minimizou o ato e disse que "esse radicalismo está na moda mas passará".