Maduro reage a crise aparecendo na TV
Na tentativa de melhorar sua imagem, presidente venezuelano retoma programa semanal para defender governo
Nesta quarta, ele voltou a acusar os EUA de tentar derrubá-lo do poder e recebeu apoio de secretário da Unasul
Quanto mais a crise venezuelana se agrava, mais o presidente Nicolás Maduro parece querer se mostrar na TV.
Maduro discursou na frente das câmeras quase todos os dias na última semana.
Nesta quarta (4), ele comandou, com transmissão ao vivo, a celebração do 23º aniversário do 4 de Fevereiro de 1992, quando Hugo Chávez, então desconhecido oficial do Exército, tentou um fracassado golpe de Estado contra o então presidente Carlos Andrés Pérez. Na cerimônia, ele voltou a acusar os EUA de conspirar para derrubá-lo.
A novidade desta semana começou na noite de terça- (3), quando o presidente voltou a apresentar "Contato com Maduro", programa semanal que havia sido abandonado em setembro.
Por quase três horas de transmissão nos canais de TV e rádio alinhados com o governo, Maduro alternou momentos de seriedade e descontração, mas sempre defendendo a agenda política.
Ele voltou a dizer que a calamitosa situação econômica (escassez, inflação e rombo nas contas públicas) é fruto de uma "guerra econômica" travada pela oposição.
O presidente também rebateu críticas à polêmica resolução do Executivo que dá carta branca às forças de segurança para atirar em caso de protestos violentos.
Maduro disse que a Constituição venezuelana é a "mais avançada do mundo" em direitos humanos.
O programa, abertamente inspirado no "Alô Presidente" de Hugo Chávez, morto em 2013, teve também um quadro dedicado a questões jurídicas apresentado pela primeira-dama, Cília Flores.
Segundo o professor de comunicação pública Oswaldo Ramírez, a retomada de um programa que havia sido abandonado por baixa audiência, após somente sete meses no ar, dificilmente reverterá a queda de popularidade de Maduro, hoje em 22%.
"A imagem dele está muito arranhada e estão tentando fazer com que a revolução [bolivariana] não perca ainda mais votos [antes do pleito parlamentar do segundo semestre]", disse Ramírez.
Nesta quarta (4), em encontro com o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, Maduro recebeu o apoio do bloco contra possíveis "tentativas de desestabilização da democracia" no país.