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FMI quer mais US$ 500 bi contra a crise

Instituição calcula que, nos próximos anos, necessidades de empréstimo a países em dificuldades chegarão a US$ 1 tri

Anúncio é visto como atestado da gravidade da crise, mas mercado reage bem à ideia de um Fundo mais poderoso

Fernando Bizerra Jr./efe
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (à direita), dá entrevista em Brasília ao lado do ministro Guido Mantega
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (à direita), dá entrevista em Brasília ao lado do ministro Guido Mantega

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

O FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou ontem que precisará levantar US$ 500 bilhões para socorrer países em crise.

Desse total, US$ 200 bilhões são recursos que já foram prometidos ao Fundo por governos europeus em melhor situação financeira para ajudar as nações da região que enfrentam problemas.

A instituição calcula que as necessidades de empréstimo de nações em dificuldade financeira em todo o mundo chegarão a US$ 1 trilhão nos próximos anos.

Embora o Fundo não tenha detalhado essa demanda de recursos por regiões, analistas acreditam que a maior parte do dinheiro será destinada à zona do euro.

O anúncio de ontem foi interpretado como mais um atestado da gravidade da crise europeia. Mas o mercado financeiro reagiu positivamente à intenção do Fundo de elevar seu poder de fogo.

As principais Bolsas europeias encerraram com altas, ainda que modestas, de 0,34% (Frankfurt) e 0,15% (Londres). Nos EUA, a Bolsa de Nova York avançou 0,78%.

O euro recuperou terreno, subindo de US$ 1,27 para US$ 1,28 na jornada de ontem.

"Isso veio como uma confirmação de que o FMI vai fazer parte da solução da crise europeia. Mas está claro que os problemas não vão ser resolvidos do dia para noite", disse o economista Constantin Jancso, do HSBC.

Em um curto comunicado divulgado após intenso burburinho na imprensa internacional, o Fundo disse que, neste momento, está "explorando opções de financiamento" e que continuará consultando seus países-membros sobre o tema.

Não entrou em detalhes sobre a possível origem dos US$ 300 bilhões que faltarão para completar a cifra anunciada como necessária.

Segundo o "Financial Times", os recursos devem vir de empréstimos voluntários dos países-membros.

O periódico britânico acrescentou que fontes que acompanham as discussões afirmam que o governo norte-americano permanece refratário à proposta.

De acordo com o "FT", nações emergentes como Índia e Brasil teriam sido mais abertas ao pedido do Fundo.

A Folha apurou que o governo brasileiro está disposto a ajudar, mas ainda não discute valores com o FMI.

O Brasil defende que o aporte seja feito por meio de acordos bilaterais entre o país e o FMI e que esses recursos só sejam utilizados quando esgotada a cifra (US$ 375 bilhões) que o fundo já tem disponível relativa às cotas dos países-membros.

Além disso, o repasse do governo brasileiro seria condicionado ao aprofundamento das discussões sobre essas cotas - o Brasil defende uma ampliação na participação dos emergentes no Fundo.

Isso aumentaria o poder desses países no processo decisório da instituição. Atualmente, as nações desenvolvidas têm peso muito maior que as emergentes.

Outro sinal de preocupação dos organismos multilaterais com a crise veio ontem do Banco Mundial, que espera que a zona do euro mergulhe em recessão (contração de 0,3%) neste ano.

Além de reduzir suas projeções para o desempenho econômico global em 2012, a instituição emitiu um alerta para as nações emergentes.

"Países em desenvolvimento precisam se preparar para o pior", diz trecho do relatório divulgado ontem.

Segundo o analista Richard Hamilton, países latino-americanos como Brasil, Colômbia e Chile possuem munição para enfrentar uma piora do cenário externo.

"Nossas projeções para a região já levam em conta uma recessão na zona do euro", diz Hamilton, que é chefe de análise da América Latina da consultoria BMI (Business Monitor International).

A BMI projeta crescimento de 4,1% para a América Latina em 2012. O Banco Mundial espera expansão de 3,6% na região (e de 3,2% no Brasil).

Colaboraram LORENNA RODRIGUES, de Brasília, e EPAMINONDAS NETO, de São Paulo

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