França ameaça retirar do Afeganistão seus soldados

A França anunciou a suspensão dos treinamentos militares que comanda no Afeganistão e ameaçou retirar seus cerca de 3.800 soldados do país depois que o ataque de um soldado afegão, ontem, matou quatro militares franceses e deixou 15 feridos.

O atentado, segundo do gênero em um mês, aumentou a suspeita de que extremistas do grupo Taleban estejam conseguindo se infiltrar no Exército afegão, em tese parceiro da Otan -a aliança militar ocidental, que tem cerca de 130 mil homens no país.

Além das baixas francesas, a aliança sofreu anteontem à noite ataque a um de seus helicópteros, que deixou seis marines americanos mortos. O Taleban assumiu a responsabilidade por essa ação.

As mortes dos franceses e a suspensão do treinamento foram anunciadas em Paris pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que não especificou quais programas no Afeganistão serão afetados.

"O Exército francês está no Afeganistão a serviço dos afegãos, contra o terrorismo e o Taleban, e não para ter seus militares alvejados por soldados afegãos", disse Sarkozy.

O presidente acrescentou que, se a segurança no país não for reforçada, "teremos de discutir a retirada das tropas francesas mais cedo".

O ataque ocorreu dentro de uma base na província de Kapisa, no nordeste do país. Segundo o ministro da Defesa da França, Gérard Longuet, os franceses estavam desarmados e cumprindo um treinamento difícil em grande altitude quando foram atacados pelo soldado afegão.

A ameaça da França de retirar suas tropas mais cedo despertou o temor de que outros países da Otan suspendam o treinamento de forças afegãs ou chamem de volta seus militares. Em 2011, a Casa Branca anunciou o plano de retirar 33 mil soldados do país até a metade deste ano.

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, expressou "profundo pesar" pelo acontecimento, e o governo do país disse ter mandado representantes à região do ataque para investigar o episódio.

PAQUISTÃO

Fontes americanas e paquistanesas disseram à agência Reuters que Aslam Awan, apontado como planejador da rede terrorista Al Qaeda, foi morto em um ataque de "drone" (avião não tripulado) americano no dia 10, na província paquistanesa do Waziristão do Norte.