Morre fundador e 1º líder de Cingapura
Lee Kuan Yew, 91, estava com pneumonia; seu regime autoritário, de 1959 a 1990, transformou a economia do país
Lee era criticado pela repressão a opositores, mas deixa legado de baixa corrupção e alto dinamismo econômico
Lee Kuan Yew, considerado o fundador da Cingapura moderna (pós-colônia britânica) e premiê por 31 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (23) --tarde de domingo no Brasil--, segundo informou o governo do país asiático.
Ele tinha 91 anos e ficou conhecido por ter transformado um conjunto de ilhas com pouca importância no cenário mundial em uma das economias mais dinâmicas e modernas da Ásia, com uma renda per capita acima de US$ 60 mil (R$ 193 mil).
Lee foi internado no Hospital Geral de Cingapura no dia 5 de fevereiro com uma pneumonia grave.
Um comunicado oficial publicado no site do gabinete do primeiro-ministro, Lee Hsien Loong, informou que Lee "morreu pacificamente" às 3h18 locais.
Lee era temido por suas práticas autoritárias, mas insistia na tese de que impor limites rígidos à liberdade de expressão e de protestar em público era fundamental para manter a estabilidade em um país multiétnico e multirreligioso.
Ele dirigiu Cingapura de 1959, quando a ilha teve direito a um governo autônomo em relação ao Reino Unido, do qual era colônia, até 1990, transformando o pequeno território em um centro comercial e financeiro global.
Em comunicado, o presidente dos EUA, Barack Obama, lamentou a morte de Lee, que classificou como um "grande estrategista".
"Ele foi um verdadeiro gigante da História, que será lembrado pelas próximas gerações como o pai da Cingapura moderna e como um dos grandes estrategistas das relações asiáticas", disse.
O legado de Lee inclui um governo eficiente, com baixos índices de corrupção, baixas taxas de imposto para atrair investimento estrangeiro, boas escolas e ruas seguras.
Ele defendia a ideia de transformar Cingapura em uma cidade-Estado "sem ideologia".
"Se algo funciona, tentamos aplicar. Se dá resultados, continuamos. Senão, jogamos fora e tentamos algo novo", disse ele em 2007, em uma entrevista ao jornal "The New York Times".
A democracia, no entanto, nem sempre funcionava. Lee foi alvo de críticas por usar medidas duras para se consolidar no poder, como a prisão de rivais políticos que permaneceram décadas sem julgamento e ações judiciais de difamação contra políticos e jornalistas da oposição.
Mesmo assim, Lee é venerado por uma parcela significativa da população cingapuriana. Quando encerrou todas as atividades políticas, em 2011, o governo lhe deu um cargo simbólico de "ministro mentor".