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Eleitor religioso fica mais pragmático nas prévias

Menos de 24 horas antes de as urnas eletrônicas serem acionadas na Carolina do Sul, ontem, Oran Smith dizia não saber em quem votaria.

O grupo cristão que dirige, o Conselho dos Valores Familiares de Palmetto, tampouco havia declarado apoio a um dos quatro candidatos.

"Pode ser qualquer um deles... Bom, para ser sincero, não sei se vejo em Ron Paul um presidente, embora apoie parte de suas ideias", diz o cientista político convertido em ativista evangélico sobre o heterodoxo deputado libertário (filosofia que prega a liberdade individual sobre tudo, inclusive sobre o Estado).

E o ex-senador Rick Santorum? "Ele está se tornando mais 'presidenciável'."

Smith era o retrato preciso do eleitorado evangélico tão caro à Carolina do Sul e à direita americana nas últimas três décadas. Dividido.

Os evangélicos são 46% neste Estado do sul profundo -quase o dobro da média dos EUA, 25%- segundo um levantamento feito pelo Centro Pew para Religião e Política.

Menos em voga na campanha de 2008 do que na reeleição de George W. Bush, em 2004, o voto religioso, mais participativo, recobrou peso em um ciclo eleitoral em que o ímpeto de votar não tem sido dos maiores. Como nos EUA ir às urnas não é obrigação, motivação é vital.

Paradoxalmente, nenhum dos três principais republicanos no páreo é evangélico -há um mórmon (o ex-governador Mitt Romney) e dois católicos (o convertido Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara, e Santorum).

AGENDA PADRÃO

"O Partido Republicano já foi moderado, mas desde Ronald Reagan vem se tornando mais conservador. E hoje não há nuance nas questões morais, todo mundo apoia -ou diz apoiar- a agenda antiaborto e anticasamento gay", diz Smith.

Outro fator que pesa neste ano: os republicanos estão preocupados em escolher alguém apto a enfrentar o presidente Obama, considerado ótimo orador, nos debates.

O fato de os debates terem sido quase semanais nesta campanha pôs uma lupa sobre habilidades e deslizes retóricos de cada aspirante.

"Rick Santorum, por exemplo, ainda tem chance, mas elegibilidade conta muito", afirma Gina Smith, articulista do principal jornal sul-carolinense, "The State". "As pessoas gostam da mensagem cristã dele, mas não sabem se ele pode vencer."

Por isso, Romney -rejeitado por lideranças evangélicas por seu passado moderado e por ser mórmon, religião que os mais radicais veem como seita- tem apoio dos adeptos do voto útil.

O mesmo fator leva Gingrich, que tem tido a melhor performance nos debates, mas cujo histórico inclui dois casamentos encerrados em adultério, a disputar a preferência da direita cristã.

(LC)

Leia texto sobre os mórmons americanos
folha.com/no1037762

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