EUA decidem tirar Cuba de 'lista do terror'
Após reunião de Obama com Raúl Castro, Casa Branca afirma que país não é mais Estado patrocinador de terrorismo
Mundo mudou desde que Cuba foi incluída na relação, diz secretário de Estado; políticos de origem cubana criticam
O governo norte-americano anunciou em mensagem ao Congresso nesta terça-feira (14) que o presidente Barack Obama decidiu retirar Cuba da lista de países financiadores do terrorismo.
A decisão foi divulgada após o encontro de Obama com o ditador cubano, Raúl Castro, no sábado (11), durante a Cúpula das Américas, no Panamá --o primeiro entre mandatários dos dois países em mais de 50 anos.
A retirada de Cuba da lista era considerada o principal impedimento para a retomada das relações diplomáticas entre os dois países, que foi anunciada em dezembro.
O regime comunista foi relacionado como Estado patrocinador do terrorismo em 1982, ainda nos tempos da Guerra Fria. Sua remoção deixará apenas três países na lista: Sudão, Irã e Síria.
Na semana passada, Obama recebeu a conclusão de um levantamento do Departamento de Estado americano segundo o qual Cuba atende aos critérios para a retirada.
"Enquanto os EUA tiveram e continuam tendo discordâncias e preocupações significativas com uma série de políticas e ações de Cuba, elas não se encaixam nos critérios que designam um Estado patrocinador do terrorismo", disse o secretário de Estado, John Kerry, em comunicado.
"As circunstâncias mudaram desde 1982, quando Cuba foi listada devido a seus esforços para promover revoluções armadas na América Latina", afirmou o secretário.
"Nosso hemisfério e o mundo estão hoje bastante diferentes do que eram há 33 anos", acrescentou Kerry.
Em nota, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, ressaltou, porém, que o presidente continuará "apoiando interesses e valores [do país] por meio do engajamento com governo e povo cubanos".
Para recomendar a retirada do país da lista, Obama deverá submeter ao Congresso um relatório provando que Cuba não deu nenhum apoio ao terrorismo internacional nos últimos seis meses, além de apresentar garantias de que o regime comunista não pretende fazer isso no futuro.
A diretora para os EUA da chancelaria de Cuba, Josefina Vidal, classificou de "justa" a decisão de Obama e disse que seu país nunca deveria ter sido incluído na lista.
CRÍTICAS
Para opositores da medida no Congresso, como os senadores de origem cubana Bob Menendez (Nova Jersey) e Marco Rubio (Flórida), a recusa de Cuba a extraditar fugitivos americanos que vivem na ilha deveria constituir terrorismo internacional. Mas o governo diz que esses atos não fazem parte da lei.
Antes do anúncio, a deputada republicana Ileana Ros-Lehtinen (Flórida) chamou a retirada de Cuba da lista de "um aborto da Justiça, nascido de motivações políticas sem raízes na realidade".
Os congressistas podem aprovar resolução conjunta para bloquear a ação, mas a Casa Branca acha pouco provável que o façam. Ainda assim, o Congresso tem 45 dias para revisar o relatório antes que a medida entre em vigor.