Venezuela quer redividir distritos eleitorais
Intenção de parlamentares chavistas é diminuir representatividade de redutos opositores na Assembleia Nacional
Maduro promete atacar empresários 'inimigos'; assessores de chefe do BC são investigados por lavagem de dinheiro
Às vésperas do pleito parlamentar do segundo semestre deste ano, autoridades da Venezuela planejam redistribuir o número de deputados por circunscrição para prejudicar a representatividade de redutos opositores e favorecer zonas governistas.
O polêmico projeto para a eleição ao Parlamento, cuja data não foi divulgada, foi revelado nesta terça (14) pelo jornal "El Universal".
O plano ainda depende da aprovação dos cinco membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), equivalente local do Tribunal Superior Eleitoral brasileiro.
Mas a oposição diz que o CNE foi aparelhado pelo governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e carece de independência.
Como exemplo, o "El Universal" cita o caso da circunscrição eleitoral formada pelos municípios de Baruta, El Hatillo e Chacao (todos na área de Caracas), que passaria a ter apenas um deputado no próximo Parlamento, contra dois atualmente.
A zona é povoada em grande parte pela classe média opositora. Chacao foi um dos principais palcos dos violentos atos contra o presidente Nicolás Maduro em 2014.
Oficialmente, a redução reflete queda populacional da zona. Mas críticos afirmam que os dados usados para o cálculo destoam das cifras públicas sobre o tema.
Já as zonas que terão direito a um deputado adicional são todas redutos governistas, como circunscrições nos Estados de Aragua e Barinas, apontam críticos.
Ainda segundo o "El Universal", o CNE planeja aumentar o tamanho do plenário de 165 para 167 cadeiras.
A mudança é divulgada pelo "El Universal" no mesmo dia em que a bancada governista, que tem maioria no Parlamento, aprovou o fim da eleição direta ao Parlatino.
A partir de agora, o presidente do Parlamento, o chavista Diosdado Cabello, escolherá os representantes do país no órgão, que reúne 23 países latino-americanos.
A oposição disse que Cabello não permitiu que o tema fosse debatido no plenário. Em resposta, o presidente da Assembleia afirmou que seus rivais deveriam ter pedido seu aval para ir à Cúpula das Américas, no Panamá.
ECONOMIA
Ao voltar do evento, ocorrido no fim de semana, o presidente Nicolás Maduro prometeu "radicalizar a revolução" contra empresários que, segundo ele, escondem produtos para causar filas no comércio e jogar a população contra o governo.
"Se for necessário, vamos detê-los e entregá-los à Justiça. Se encontramos conspirações e sabotagens: cadeia."
A maioria dos economistas diz que as políticas estatais são responsáveis pelo grave desabastecimento no país.
Nesta terça, o jornal espanhol "El Mundo" informou que dois ex-assessores do presidente do Banco Central, Nelson Merentes, são acusados de lavagem de dinheiro em um banco de Andorra.
Tulio Antonio Hernández Fernández e Gabriel Ignacio Gil Yánez usavam passaportes diplomáticos para fazer transações na instituição entre 2004 e 2008.
Os documentos só podem ser concedidos pelo presidente, na época Hugo Chávez. Hernández foi condenado em 1999 por tráfico de drogas, e Gil Yáñez, preso em 2010 por tentar roubar um avião.