Imigrantes sofrem ataques na África do Sul
Lojistas de Johannesburgo fecham as portas após violência xenófoba na região de Durban matar pelo menos 4
Maioria de estrangeiros vem de outros países da África; temor é que se repitam ataques que mataram 60 em 2008
Lojas de imigrantes no centro de Johannesburgo, a maior cidade da África do Sul, amanheceram fechadas nesta quarta (15) após o início de uma onda de violência xenófoba em Durban, onde fica o principal porto sul-africano.
Nos últimos dias, foram registrados ataques a estrangeiros, muitos deles vindos de outros países africanos.
O combustível é o alto índice de desemprego, de cerca de 25%, e a crença de que imigrantes de lugares como Moçambique e Zimbábue "roubam" postos de trabalho.
Lojas foram saqueadas e incendiadas. Houve ao menos quatro mortes, incluindo um garoto de 14 anos morto a bala durante um saque na segunda (13).
Embora nenhum episódio de violência contra estrangeiros tenha sido registrado em Johannesburgo --epicentro da onda de ataques xenófobos que deixou 60 mortos em 2008--, imigrantes fecharam suas lojas por temer ataques.
Comerciantes disseram ter recebido em seus celulares uma mensagem de texto dizendo "zulus estão vindo para a cidade (...) para matar todos os estrangeiros nas ruas".
O presidente Jacob Zuma condenou a violência e encarregou diversos ministros de lidar com a onda de ataques. O governo também instalou na região de Durban campos para acolher estrangeiros que fogem da violência xenófoba.
"É evidência de uma terrível falta de memória dos sul-africanos", afirmaram as fundações Nelson Mandela e Ahmed Kathrada, nomeadas em homenagem a líderes da luta contra o regime do apartheid (segregação racial oficial).
Nesta quarta, o ministro da Informação do Maláui (sudeste da África), Kondwani Nankhumwa, disse que seu país planeja repatriar pelo menos 400 cidadãos que vivem na África do Sul em razão da onda de violência.
O país negocia com as autoridades sul-africanas a concessão de documentos de viagem temporários a malauianos porque muitos perderam seus passaportes na fuga.
"A maioria fugiu para os campos sem nada. Os números devem crescer porque muitos malauianos estão escondidos", disse o ministro.
No Twitter, popularizou-se a hashtag #SayNoToXenophobia (#DigaNãoÀXenofobia, em português) em tuítes que denunciam os ataques.