Terremoto no Nepal mata mais de 1.800
Maior tremor no país em 80 anos destrói prédios históricos na capital, Katmandu, e provoca avalanche no Everest
Mortes também foram registradas em outros países; Itamaraty diz que não há vítimas brasileiras confirmadas
O Nepal foi atingido neste sábado (25) por um terremoto de magnitude 7,8, o mais devastador no montanhoso país asiático em 81 anos, deixando mais de 1.800 mortos e 4.700 feridos no país.
Por volta das 7h30 de domingo (22h45 de sábado no Brasil), o porta-voz do Ministério do Interior, Laxmi Dhakal, confirmou 1.805 mortes. A estimativa é de que o número de vítimas seja ainda maior.
O abalo, registrado às 11h56 locais (3h11 em Brasília), destruiu milhares de casas e prédios históricos e provocou uma avalanche na base do monte Everest, o pico mais alto do mundo.
O epicentro ocorreu a 77 km de Katmandu e a 15 km da superfície. A baixa profundidade foi crucial para potencializar os danos no país, em que a maioria das construções não é reforçada para grandes tremores.
As ruas de Katmandu --cidade que concentra 20 mil habitantes por km²-- estão cobertas de escombros de prédios destruídos e de cinco dos sete locais históricos declarados patrimônio da humanidade pela Unesco atingidos.
Dentre eles, estão templos, uma das residências da família real do país e a torre Dharahara, de 1832. A construção, com altura de nove andares, foi inteira abaixo durante o tremor. Mais de 60 pessoas foram encontradas mortas nos escombros.
Após o primeiro abalo, mais de dez réplicas foram registradas, sendo a maior delas de magnitude 6,6. Todos os tremores foram recebidos com histeria e medo.
O cenário de caos foi completado pela destruição de hospitais e pelo número insuficiente de socorristas. Em alguns bairros, moradores ajudavam as equipes a retirar sobreviventes e corpos dos restos das construções.
O terremoto prejudicou a comunicação e o abastecimento de Katmandu. A maior parte da cidade está sem energia, e telefones e internet funcionam precariamente.
Os sobreviventes têm dificuldade para encontrar água e mantimentos. O aeroporto internacional de Katmandu ficou fechado por 20 horas e começou a operar de forma improvisada no domingo.
Diante da possibilidade de novos tremores durante a madrugada, moradores e turistas dormiram nas ruas.
"Nossa vila foi quase totalmente destruída. A maioria das casas está enterrada por desmoronamentos ou danificada pelo tremor", disse Vim Tamang, da vila de Manglung, perto do epicentro.
"Todos estão com medo de que isso se repita. Eu saí de casa quando senti o terremoto. Foi apavorante. Fiquei do lado de fora durante todo o dia", disse Rabin Shakya, 29, morador de Katmandu.
Além do Nepal, o tremor provocou a morte de 44 pessoas na Índia, 17 no Tibete, duas na China e outras duas em Bangladesh. Cidades do Paquistão também sentiram o abalo, de forma moderada.
Segundo o Itamaraty, não havia registro de brasileiros mortos ou feridos até a conclusão desta edição. As autoridades nepalesas também não tinham o levantamento das nacionalidades dos mortos cujos corpos foram encontrados pelos socorristas.
AJUDA
A dimensão da catástrofe fez com que o Nepal pedisse ajuda internacional e isentasse de visto estrangeiros que vão ao país prestar socorro.
O governo local aprovou US$ 5 milhões (R$ 15 milhões) para serem usados de forma imediata no resgate. O país também receberá US$ 3,9 milhões da Noruega e US$ 1 milhão dos Estados Unidos.
A Índia enviou aviões sanitários, assim como uma equipe de resgate para auxiliar nas buscas. O Paquistão enviou um hospital de campanha e suprimentos médicos.
Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Israel e a União Europeia também anunciaram o envio de ajuda.
No Brasil, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota de pesar pela tragédia. "Declaro minha solidariedade aos povos desses países e, em especial, aos brasileiros que estão na região e a seus familiares."