FHC e González decidem esperar audiência para viajar a Caracas
Ex-presidente e ex-premiê espanhol defenderão opositores presos
Em reunião em São Paulo na noite de segunda-feira (25), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González (1982-1996) decidiram não viajar à Venezuela até que seja marcada uma nova audiência do caso do opositor preso Leopoldo López.
Há pouco mais de uma semana, González se viu obrigado a adiar sua ida a Caracas depois que a Justiça do país postergou --sem previsão de nova data-- a audiência marcada para 21 de maio. Sua intenção era assistir à sessão na qualidade de assessor técnico da defesa do líder do partido Vontade Popular e ex-prefeito de Chacao, em Caracas.
Segundo a Folha apurou, para FHC e González, uma visita agora a López e ao prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma --também detido--, poderia ser vista como uma afronta ao presidente Nicolás Maduro e resultar em algum tipo de retaliação aos opositores.
A expectativa é que a viagem à Venezuela ocorra no meio de junho.
Desde que anunciou sua intenção de ir a Caracas para apoiar os líderes opositores, González se tornou alvo de governistas na Venezuela.
No fim de abril, o Parlamento declarou o ex-premiê persona non grata. Em tese, o status decretado pelo Legislativo não é vinculante, mas, neste caso, representa clara manifestação política de repúdio endossada pelo Executivo.
O ex-presidente brasileiro, que foi convidado por González para integrar a defesa de López, também não escapou às críticas. À Folha, em abril, o Defensor do Povo da Venezuela, Tarek William Saab, espécie de ombudsman do país, disse que FHC "não tem moral para defender" os opositores presos.