UE quer distribuir imigrantes entre 23 países do bloco
Ação atingirá 40 mil pessoas que estão na Grécia e na Itália; outras 20 mil serão acolhidas pelas 28 nações
Reino Unido afirma que não entrará no projeto; para países do Leste, decisão sobre o destino deve ser do imigrante
Num esforço para acolher parte dos 80 mil imigrantes que desembarcaram em suas costas neste ano, a União Europeia lançou nesta quarta (27) um plano para dividi-los entre os países do bloco.
O programa prevê distribuir entre 23 das 28 nações da UE, nos próximos dois anos, quase 40 mil imigrantes vindos sobretudo da Síria e da Eritreia para a Itália (24 mil) e a Grécia (16 mil). Estariam de fora desse grupo, além da Itália e da Grécia, Reino Unido, Irlanda e Dinamarca.
Os 40 mil imigrantes perfazem 40% do total de imigrantes que desembarcou nos dois países em 2014 e que deve pedir asilo a Roma e Atenas.
O projeto prevê também que sejam acolhidos --por todas as 28 nações do bloco-- outros 20 mil imigrantes que já foram reconhecidos como refugiados pela ONU.
A distribuição do primeiro grupo entre os 23 países não será por "cotas", mas a partir de cálculos que levam em conta a população, o PIB e a taxa de desemprego do país de acolhimento, além dos pedidos de asilo atendidos e dos refugiados sob proteção internacional que já acolheu.
Pela divisão, os três países que mais receberiam imigrantes seriam a Alemanha (8.763), a França (6.752) e a Espanha (4.288). Chipre acolheria o menor número de pessoas, 173.
NEM TODOS
Alguns países, porém, criticaram o projeto. O Reino Unido, que, como a Irlanda, pode decidir se adere a alguns tratados europeus, já disse que não participará do programa.
No Leste Europeu, alguns países, como a República Tcheca e a Lituânia, dizem que a escolha sobre o país de destino cabe aos imigrantes.
Na Polônia, o porta-voz do governo afirmou que o país irá aceitar refugiados, mas que o número deve ser definido pelos próprios governos segundo suas capacidades.
O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse que o plano deveria dar mais peso aos esforços que alguns países já têm feito.
Itália e Grécia têm recebido críticas por não identificar adequadamente alguns migrantes, permitindo que viajem pelo continente sem serem notados.
Nos dias 15 e 16 de junho, ministros do Interior dos países da UE discutirão as propostas em Luxemburgo.
A Guarda Costeira grega disse na quarta que quase 12 mil imigrantes foram presos ao tentarem entrar no país em abril --quase sete vezes o número de abril de 2014.