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Obama leva guerra comercial ao palanque

Em seu discurso anual ao Congresso, presidente elege China como alvo, esperando conquistar pontos políticos

Em busca da reeleição, também pediu mais impostos para os ricos e atração de estrangeiros "ultraqualificados"

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Sai a Guerra ao Terror, entra a guerra comercial.

O presidente Barack Obama anunciou na noite de anteontem, em seu discurso anual ao Congresso sobre o Estado da União, que criará uma agência para investigar práticas comerciais desleais. E citou um alvo: a China.

"Anuncio a criação da Unidade de Policiamento Comercial, que será encarregada de investigar práticas comerciais desleais em países como a China. Haverá mais inspeções para evitar que falsificações e produtos inseguros cruzem nossas fronteiras", declarou. Mais além, o democrata expandiu o campo de batalha, pedindo ao Congresso que assegure que "nenhuma empresa estrangeira tenha vantagem sobre os produtos americanos em termos de acesso a recursos financeiros ou a novos mercados".

Nem o discurso nem o plano de Obama distribuído por e-mail pela Casa Branca enquanto ele ainda estava no plenário explicam como funcionará a agência.

Mas foi o momento mais aplaudido do discurso.

A retórica protecionista ganha decibéis entre democratas e republicanos em ano de eleição e crise econômica.

Obama tem na China seu alvo frequente, mas os candidatos de oposição, embora pintem Pequim como inimiga, guardam munição para o Brasil, questionando parcerias em petróleo e a compra de jatos da Embraer.

Ontem, o presidente permeou todo o discurso com a questão comercial, prometendo cobrar mais impostos de multinacionais americanas que transfiram suas operações para o exterior e dar incentivos às que retornem.

Acenou, porém, aos estrangeiros "ultraqualificados", pedindo que o Congresso facilite o visto de trabalho para jovens cientistas, empreendedores e tecnoexperts.

No camarote da primeira-dama, ao lado da viúva de Steve Jobs, fundador da Apple, o brasileiro Mike Krieger, cofundador da rede de compartilhamento de fotos via celular Instagram, era o representante desse perfil.

IMPOSTOS

A proposta de Obama para subir impostos para os mais abastados foi repetida ao longo da mais de uma hora em que ele falou, pontuando frases com palavras como "igualdade" e "justiça".

Citando o bilionário Warren Buffett, Obama mandou uma mensagem velada ao pré-candidato republicano Mitt Romney, que no mesmo dia revelara pagar ao fisco 15% do que ganha:

"Podemos restaurar um país onde todos jogam pelas mesmas regras", afirmou. "Muita gente pode chamar isso de guerra de classes (...). A maioria dos americanos chamaria de bom senso."

A promessa de mais empregos, que norteia sua campanha, também foi repisada. Embora o mercado de trabalho venha se recuperando, o índice atual de desemprego, 8,5%, ainda é considerado alto e um risco à reeleição.

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