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Sem-terra do Paraguai ameaçam brasileiros

Movimento paraguaio ameaça invadir propriedades de 250 mil pessoas na faixa de fronteira; diplomatas veem tensão

'Carperos' aproveitam demarcação de terras para incitar expulsão de sojicultores; governo Lugo discute soluções

DE BRASÍLIA

O movimento sem-terra paraguaio -os "carperos"- ameaça invadir a propriedade de cerca de 250 mil brasileiros que vivem na faixa de fronteira. Líderes camponeses falam "em derramamento de sangue", e movimentos sociais paraguaios chamam de "invasores" os brasileiros.

Para diplomatas brasileiros, esse é um dos momentos mais tensos da relação com o Paraguai e pode exigir uma intervenção da presidente Dilma Rousseff.

Cerca de 400 mil brasileiros vivem hoje no Paraguai, segundo estimativas oficiais -250 mil deles no departamento (Estado) do Alto Paraná, hoje palco de maior tensão agrária. A produção de soja na região representa 55% da economia paraguaia.

A crise se acirrou na semana passada, quando o presidente Fernando Lugo determinou a demarcação de terras paraguaias na fronteira com o Brasil para verificar se brasileiros ocupam antigas propriedades do governo.

A cargo das Forças Armadas paraguaias, a medição faz parte da regulamentação da nova lei de segurança nacional do país. Criada no governo passado, a lei proíbe a venda de propriedade a estrangeiros na faixa até 50 km das fronteiras paraguaias, à exceção das áreas adquiridas antes de sua promulgação.

O maior fluxo de emigrantes brasileiros para o Paraguai aconteceu na década de 1970. Os "carperos" (assim apelidados por viver sob cabanas de plástico, "carpas"), porém, aproveitam a operação para incitar a expulsão dos sojicultores brasileiros.

TENTATIVA DE DIÁLOGO

Sob ataques da oposição, o secretário-geral da Presidência do Paraguai, Miguel Angel López Perito, afirmou ontem que há a possibilidade de suspender as medições na faixa de fronteira devido ao conflito e informou que o governo deve conversar com sojicultores e sem-terra para evitar novos confrontos.

Lugo -que hoje estará em São Paulo para se submeter a uma série de exames-reuniu-se ontem com auxiliares para tratar da questão. O assunto, segundo a Presidência do país vizinho, tornou-se um "problema social".

Em declarações à imprensa local, López Perito disse que a região do Alto Paraná é "conflitiva, o que gera um ruído particular". Ele, contudo, ressaltou que a demarcação dos 50 km da faixa de fronteira é uma tarefa "legítima", respaldada pela lei.

(CATIA SEABRA, LUCAS FERRAZ E NATUZA NERY)

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