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EUA sobem frota de aviões não tripulados

Governo Obama investe em tecnologia de Defesa e reduz efetivos militares; grupo de elite, porém, é poupado

Militares consideram os "drones" mais seguros e eficazes, mas seu uso é ligado à ocorrência de mortes de civis

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Os EUA aumentarão em 30% sua frota de combate de aviões não tripulados -os "drones"- usados hoje especialmente no Afeganistão.

O anúncio, feito ontem pelo secretário da Defesa, Leon Panetta, faz parte de uma restruturação da estratégia militar do país para tornar as Forças Armadas mais enxutas e tecnológicas.

O objetivo é ganhar agilidade e cortar US$ 487 bilhões (R$ 849 bilhões, ou 23% do PIB do Brasil) em gastos nos próximos dez anos, dentro do pacote para enxugar o Orçamento anunciado em 2011.

As mudanças ainda deslocam o foco da Defesa para a Ásia, ao lado do Oriente Médio -reflexo da expansão de poder econômico e militar da China. A Europa, ainda com forte presença militar dos EUA por herança da Guerra Fria (1945-89), será secundária.

Bases militares serão fechadas; aeronaves e embarcações, aposentadas; e o efetivo do Exército, reduzido em 80 mil pessoas, para 490 mil (-14%). A força de fuzileiros navais (marines) também cairá de 202 mil homens -pico registrado no pós-11 de Setembro- para 182 mil (-10%).

Em lugar disso, o governo investirá mais em tecnologia, guerra cibernética, forças especiais e "drones".

Hoje os EUA têm 65 dessas aeronaves, pilotadas remotamente, com capacidade de ataque. Panetta anunciou que passarão a ser 85.

Essas aeronaves têm sido usadas sobretudo na Guerra do Afeganistão, na porosa e tumultuada fronteira com o Paquistão, em operações contra a Al Qaeda.

Os militares defendem esse tipo de equipamento, usado pelo governo Obama, como mais preciso e eficaz (e mais seguro para eles).

Levantamento do centro de estudos New America Foundation, porém, mostra que, de 2004 a novembro de 2011, ataques de "drones" mataram entre 1.717 e 2.680 pessoas -das quais estima que 17% fossem civis inocentes.

"Acreditamos que este seja um pacote equilibrado e abrangente", disse Panetta, ao lado do general Martin Dempsey, chefe do Estado Maior das Forças Armadas.

Os cortes atingirão também a folha de pagamento. Aumentos dos funcionários civis serão congelados, e o dos militares, reduzidos. O seguro médico foi mantido.

Panetta espera conseguir parte da economia necessária com o fim da Guerra do Iraque e, futuramente, do Afeganistão.

Com isso, planeja investir mais em operações e forças especiais como os Seals -grupo de elite que conduziu a ação que culminou na morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden. Estas serão poupadas dos cortes.

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