Fabricante de silicone é detido na França

O dono da empresa francesa que produziu milhares de próteses com silicone de baixa qualidade, causando pânico em mulheres ao redor do mundo, foi detido na madrugada de ontem em sua casa no sul da França, mas solto na madrugada de hoje, segundo seu advogado.

Jean-Claude Mas, 72, dono da Poly Implant Prothèse (PIP), foi liberado após pagar fiança de €100 mil (R$ 227 mil), afirmou Yves Haddad.

Haddad disse ainda que, por decisão da Justiça, seu cliente será processado por lesões corporais involuntárias. Procuradores responsáveis pelo caso queriam que o indiciamento fosse por homicídio doloso (quando não há intenção de matar) e danos corporais. Ele já enfrenta processo por fraude, que deve ir a julgamento em outubro.

A investigação começou em 2010, quando uma mulher, cuja prótese mamária da marca PIP se rompera, morreu em decorrência de uma forma rara de câncer.

No mesmo ano, a PIP foi fechada pelas autoridades francesas, após revelação de que ela comercializava implantes com silicone de qualidade inferior ao usado em cirurgias.

Na época, Mas admitiu que usava um produto mais barato e não aprovado, mas alegou que era de qualidade superior aos do mercado.

Exames demonstraram que os implantes eram excepcionalmente vulneráveis a rompimentos e vazamentos, fazendo com que o silicone penetrasse no organismo.

O caso voltou à tona em dezembro de 2011, com uma série de protestos na França.

Ontem, o reputado cirurgião plástico francês Laurent Lantieri afirmou que a taxa de ruptura estava muito acima dos 5% informados pelas autoridades do país.

"Entre 15% e 30% dos implantes da marca PIP removidos por mim e meus colegas estavam rompidos. Não sabemos a natureza do gel e precisamos remover esses implantes ainda neste ano."

Autoridades de saúde da França recomendaram que os implantes sejam removidos devido ao risco de inflamações e irritações provocados pelo componente. Elas dizem que não há ligação comprovada entre o silicone e a ocorrência de câncer.

No Brasil, a cirurgia de substituição das próteses poderá ser feita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) ou pelos planos de saúde.