Opositor detido em Caracas encerra greve de fome após 1 mês
Leopoldo López põe fim a protesto depois de anúncio da data das eleições parlamentares, como ele exigia
Médico de López diz que primeiros alimentos ingeridos foram maçãs e peras; preso perdeu 15 kg ao longo de jejum
O opositor venezuelano Leopoldo López, líder do partido Vontade Popular (VP), encerrou nesta terça-feira (23) uma greve de fome iniciada havia 30 dias para protestar contra sua prisão e para exigir que o governo definisse a data da eleição parlamentar, prevista para o fim deste ano.
O fim da greve de fome foi anunciado pela sua mulher, Lilian Tintori, um dia depois de autoridades eleitorais anunciarem que a população irá às urnas no dia 6 de dezembro. Ela afirmou que o marido perdeu 15 kg.
O Judiciário negou ter cogitado cancelar o pleito, como temiam a oposição e alguns governos.
Por meio de nota do Itamaraty, o Brasil elogiou a confirmação da eleição e disse ter aceitado convite para participar de missão de observadores da Unasul.
"Protestamos [...] para que os venezuelanos possamos viver dignamente", escreveu López, em mensagem lida por Tintori à imprensa.
O médico pessoal de López, Guillermo Seijas, relatou à Folha ter sido impedido de visitar seu paciente na cadeia nesta terça.
Segundo Seijas, os primeiros alimentos ingeridos pelo opositor foram maçãs e peras. Ele também está ingerindo suco de melão e melancia.
"Um mês sem comida deixa o organismo muito debilitado. Leopoldo só poderá voltar a consumir alimentos mais consistentes, como carne, após sete dias de dieta", disse o médico.
Seijas afirma que os advogados pediram formalmente à Justiça que permita a López passar por exames médicos.
López foi detido há mais de um ano, acusado de instigar protestos antigoverno. Dezenas de outros opositores, incluindo políticos, também estão detidos.
As greves de fome começaram em 24 de maio com o ex-prefeito de San Cristóbal Daniel Ceballos, também do VP. A sigla diz que, além de López, cerca de cem pessoas pararam de se alimentar em solidariedade. Ceballos encerrou a greve no último dia 11.
A greve de fome ajudou a atrair atenção internacional à situação da Venezuela.
Vários ex-presidentes visitaram o país em apoio a López, expoente da oposição mais radical.
Na semana passada, oito senadores brasileiros, liderados por Aécio Neves (PSDB), tentaram fazer o mesmo, mas foram hostilizados por manifestantes e impedidos de sair do aeroporto por um bloqueio provocado pela polícia.
Nesta quinta (25), uma outra comitiva de senadores deve chegar a Caracas para uma agenda que pretende equilibrar encontros com governo e oposição. A exemplo da primeira comitiva, os senadores viajarão em avião da FAB.