Paradas celebram liberação de casamento gay nos EUA
San Francisco tem maior público desde 1970; em NY, milhares vão às ruas
Decisão é festejada em eventos na Europa, na Ásia e na Oceania; na Turquia, polícia usa gás contra participantes
Arco-íris e animação deram o tom às paradas gay de Chicago e Nova York, que reuniram milhares de pessoas neste domingo (28).
De acordo com organizadores, a festa ganhou tom de celebração por causa da decisão da Suprema Corte dos EUA, na sexta (26) de legalizar os casamentos entre homossexuais em todo o país.
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, fez uso de poderes recentemente concedidos oficializando um casamento entre dois homens, David Contreras Turley e Peter Thiede, em Manhattan.
A cerimônia foi realizada em frente ao bar gay Stonewall Inn, onde frequentadores reagiram, em 1969, à perseguição policial e deram início ao movimento moderno de direitos homossexuais.
O local foi reconhecido neste mês como ponto de interesse histórico pela cidade de Nova York --é o primeiro vinculado à luta pela igualdade do movimento LGBT que recebe a distinção.
O Estado de Nova York legalizou a união entre pessoas do mesmo sexo em 2011. No entanto, a lei não permitia, até a semana passada, que Cuomo oficializasse o casamento gay. A autoridade para fazê-lo foi garantida com a mudança na legislação.
"Este é um verdadeiro momento histórico para a comunidade LGBT do país, é algo que esperávamos há muito tempo", disse o porta-voz dos organizadores do Orgulho Gay de Nova York, James Fallarino. No evento, os tradicionais gritos de protesto deram lugar a outros de celebração.
"O que queremos? Igualdade de matrimônio. Quando conquistamos? Na sexta-feira", cantavam alguns participantes do desfile.
Apesar do mau tempo em Nova York, cerca de 22 mil pessoas caminharam por um trecho de três quilômetros. A previsão era que, ao longo do dia, mais de 2 milhões de pessoas passassem pelo evento.
O mesmo tom comemorativo foi percebido em Chicago. Nikita Lowery, 28, foi ao evento pela primeira vez. "Eu sinto que é uma verdadeira celebração agora", afirmou.
"O amor venceu" diziam cartazes da Parada Lésbica, Gay, Bissexual e Transgênero de San Francisco, a festa do orgulho gay.
Organizadores estimaram em 26 mil o total de foliões, com 240 grupos participando do evento, além de mais de 30 carros alegóricos. Foi a maior parada em 45 anos.
"A exuberância foi amplificada com a decisão de sexta", disse Gary Virginia, presidente do conselho do "orgulho" de San Francisco. Para ele, no entanto, ainda é preciso enfrentar a discriminação nos EUA e no mundo. "Hoje estamos celebrando, mas amanhã voltamos ao trabalho."
Nas paradas em Paris e outras cidades fora dos EUA, no sábado (27), a decisão americana foi definida como um "divisor de águas". "Logo, em todos os países poderemos nos casar", disse Céline Schlewitz, 25, que participava do evento na capital francesa.
As celebrações nas ruas de Dublin também ganharam força: a Irlanda teve a maior parada gay da história, com mais de 60 mil participantes. Em maio, o país aprovou o casamento gay em voto popular.
Nas Filipinas, na Índia e na Austrália, defensores dos direitos gays disseram que a decisão norte-americana deve ajudar a mudar atitudes.
VIOLÊNCIA
Na Turquia, a polícia empregou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o público da parada gay em Istambul.
Centenas de pessoas se concentravam nas proximidades da praça Taksim quando começaram a ser avisadas pela polícia de que a marcha não poderia ocorrer. Pouco depois, começou um confronto. O evento, na 13ª edição, é apontado por alguns como a maior parada de orgulho gay do mundo islâmico.
Em San Francisco, no final da tarde de sábado, um espectador da parada foi baleado durante uma discussão entre vários homens que não participavam da comemoração. A vítima, de 64 anos, foi atingida no braço.