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Para Brasil, não existe 'emergência' quanto a direitos humanos em Cuba

Chanceler brasileiro, Antonio Patriota, afirma em Davos que Dilma evitará tema em viagem

Segundo ele, visita da presidente servirá para dialogar sobre "atualização do modelo econômico cubano"

Jean-Christophe Bott/Efe
Chanceler Antonio Patriota participa de evento do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça
Chanceler Antonio Patriota participa de evento do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O chanceler Antonio Patriota disse ontem que a situação dos direitos humanos em Cuba "não é emergencial" e, por isso, a presidente Dilma Rousseff não falará sobre o tema em sua visita à ilha na semana que vem.

O ministro ressalvou que ela não falará "para os ouvidos dos jornalistas", uma maneira evasiva de dizer que talvez fale a portas fechadas aos líderes cubanos.

A tese clássica da diplomacia brasileira é que "resultados positivos [em direitos humanos] não surgem necessariamente da exposição pública", repetiu o chanceler.

O Itamaraty escuda-se nessa tese para evitar se manifestar abertamente sobre direitos humanos.

Patriota relatou uma conversa com autoridades cubanas sobre o assunto em recente viagem à ilha.

Ele não entrou em detalhes, a não ser para elogiar o papel de médicos cubanos para controlar um surto de cólera no Haiti.

Epidemias também são uma forma de violação dos direitos humanos, embora a avaliação usual restrinja o tema a aspectos institucionais e de liberdades públicas.

O chanceler adiantou que a visita de Dilma servirá para dialogar a respeito da "atualização do modelo econômico cubano em busca de maior eficiência".

Ou, posto de outra forma, o governo brasileiro está interessado em colaborar no que seja necessário para a transição cubana de um modelo de economia centralizada e totalmente estatizada para algo mais aberto, ainda que sob controle do Partido Comunista Cubano.

Nesse mesmo espírito, o ponto central da relação Cuba/Brasil passa pela ampliação do porto de Mariel, obra para a qual a Câmara de Comércio Exterior acaba de autorizar o BNDES a desembolsar mais uma fatia.

Tradução, segundo a Folha apurou no governo brasileiro: a ampliação do porto de Mariel só tem sentido se servir para o comércio com os EUA, hipótese inviável ante o embargo norte-americano.

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